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Nem oito nem oitenta

Seja na economia, na política, nas relações pessoais ou nas simples ações do dia a dia, o amadurecimento, a análise e a paciência são sabidamente essenciais. Alguns provérbios populares trazem consigo a sabedoria. Assim, “nem oito nem oitenta” sempre foi meu predileto.

Nascemos em um país novo quando comparado às grandes civilizações orientais, asiáticas e europeias. Tivemos períodos muito difíceis, desafiadores, mas ninguém pode negar que avançamos muito. Quando olhamos as estatísticas e os mapas somos confrontados com realidades espantosas, somos o quinto maior país em extensão territorial e o sexto em população entre 205 nações. Somos a terceira maior democracia do mundo em população, atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia.

O que nos falta? Falta muito, falta educação de qualidade, falta saúde a tempo e falta segurança, pelo menos. Mas me recordo sempre que apenas 30 anos atrás, como prefeito de Belo Horizonte e sucessor de Pimenta da Veiga, construímos dezenas de escolas e municipalizamos também a saúde, assumindo 55 postos de saúde estaduais. Hoje, discutimos as escolas integrais, já que vagas não faltam. Debatemos o inacreditável atraso dos hospitais regionais e o Sistema Único de Saúde (SUS) mostrou sua importância na pandemia. Na segurança, a carência de mais profissionais se divide com a necessidade de aprimoramentos tecnológicos, onde também já avançamos após o pioneirismo do Copom e do uso da internet.

Nem oito nem oitenta, portanto, nas críticas e nos elogios. Alguns acham que estão “inventando a roda” e outros que ninguém nunca fez nada. Calma gente, “devagar se vai ao longe”. O número de alunos diminuiu, principalmente, pela queda da natalidade e o atendimento de saúde aumentou pela urbanização acelerada. A quantidade de policiais continua por volta de 40 mil na Polícia Militar e 10 mil na Polícia Civil, os mesmos números de 1999.

E os empregos? Foram mudando. Digitador não existe mais, bancários são poucos, a indústria emprega menos, mas os serviços cresceram. O agronegócio se expandiu, mas é difícil contratar um trabalhador rural. Nem oito nem oitenta. Tem político ruim pelas falhas nas escolhas, mas vamos relembrar os bons políticos. Eduardo Barbosa, incansável defensor das pessoas com deficiência, ponto de referência das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs) e de todos os projetos sociais, despediu-se de nós.

O deputado federal Eduardo Barbosa faleceu aos 64 anos. Médico dedicado e determinado, inovou ao criar em Minas Gerais o programa “Casas Lares”, quando desempenhou com brilhantismo as funções de Secretário de Desenvolvimento Social durante nosso governo. Inovou também ao insistir nos empregos para os deficientes e são milhares os que hoje estão trabalhando com dignidade e eficiência. Eduardo Barbosa não foi, ele é um exemplo de bom parlamentar, grande homem público. Que pena não estar mais entre nós. Particularmente, perdi um amigo leal, um grande amigo.