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Futebol feminino: confronto ainda desigual

A Copa do Mundo Feminina, disputada na Nova Zelândia e Austrália, tem atraído os olhares até então indiferentes dos espectadores que viam apenas o futebol masculino como única fonte de inspiração para torcer.

Ligar a TV pela manhã e os acessos das redes sociais tem nos levado à uma reflexão: com que frequência pode-se ver uma partida de futebol feminino na televisão? Esta não é uma indagação muito difícil de ser respondida, até porque, enquanto o futebol masculino é transmitido pelo menos três vezes por semana na TV aberta, sendo que na quarta-feira e no domingo ocupa o horário nobre na grade de programação das emissoras mais vistas em nosso país, o futebol feminino tem seu espaço destacado apenas durante Olimpíadas, Pan-Americanos ou mundiais. Mesmo assim, com uma série de restrições na programação dos canais abertos de televisão e sendo tratado, tradicionalmente, de maneira preconceituosa, sofrendo inúmeras comparações com o futebol masculino.

De fato, o futebol feminino tem pouco espaço na mídia televisiva, ademais, cabe uma indagação: este pequeno espaço que lhe é concedido está sendo tratado de forma justa e não preconceituosa, ou está só aumentando ainda mais toda discriminação da população com relação às mulheres praticantes deste esporte? Aparentemente, o preconceito ainda existente no Brasil, considerado o país do futebol, mas que ainda não consegue inserir as mulheres de maneira efetiva dentro dessa cultura.

Em verdade, o discurso proferido pela mídia é por muitas vezes injusto e contraditório, pois abordam sobre a ausência de apoio ao futebol feminino no país e criticam os cartolas do esporte, rogando por uma igualdade de direitos. Contudo, acaba por tratar o futebol feminino de forma bem desigual, trazendo um discurso sobre os aspectos físicos das jogadoras e não sobre o futebol propriamente dito, ou comparando o futebol feminino ao masculino inúmeras vezes dentro de um jogo.

A TV de forma geral, não transmite o futebol feminino com a mesma ênfase e frequência do masculino, por isso, observamos as várias e, por vezes, injustas comparações feitas ao outro gênero do esporte. Isto talvez explique como realmente a mídia seleciona o que vamos assistir e sobre o que vamos comentar, até porque somos submetidos a uma verdadeira overdose de futebol masculino diariamente nas diferentes mídias sociais. Há muito que se fazer pelo futebol feminino em nosso país. Lado outro, é preciso parabenizar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pelas grandes iniciativas de promover nosso futebol. Com competições por todo Brasil, elevando o número de mulheres no futebol.

Na minha modesta opinião, sendo um desportista e amante do futebol, independente do gênero, a dificuldade que se encontra está diretamente ligada ao histórico que as mulheres sofrem dentro do esporte. A difícil missão de serem inseridas dentro da prática esportiva de uma forma equânime a dos homens, assim como hoje se tem uma dificuldade de tratamento por parte da mídia esportiva desta mesma forma, e também pelo fato de que a maior parte das pessoas que trabalham em programas esportivos, que narram e comentam jogos de futebol ainda são homens, quase que única e exclusivamente esta área é destinada aos homens, tornando um ambiente potencialmente machista e que sem dúvida trata o futebol praticado pelo sexo oposto de outra forma. O futebol feminino tem esse desafio pela frente. E vai reunindo forças para se tornar ainda mais popular e acima de tudo mais respeitado.

Por fim, esclareço que este artigo me inspirei nos comentários feitos pelas ilustres jornalistas da Rádio Itatiaia, Alessandra Mendes, Kátia Pereira, Fernanda Viegas, Daniele Rodrigues e Nathália Fiuza.