Quando se debate a respeito da privatização da Cemig e da Copasa, também é necessário avaliar os prováveis interesses dos envolvidos no assunto: os grupos empresariais e o Partido Novo. A sigla tem forçado o governador Romeu Zema a defender de maneira inexorável a venda das duas empresas, que já foram referência no Brasil.
Cogita-se a respeito da pretensão de se desfazer dessas duas estatais, pelo fato da venda da Codemig já estar em processo bem adiantado no âmbito do Legislativo mineiro.
Privatização não rende votos
O governo mineiro está envolto em uma série de problemas de ordem financeira com a propalada dívida bilionária junto à União. Especialistas consideram que ao desfazer da Copasa, Cemig e Codemig, o governo do estado iria apurar valores que não chegariam sequer a 40% do montante dos cerca de R$ 150 bilhões comprometidos com ao Poder Central.
Se há motivos ou não para defender a transferência de maneira tão enfática dos ativos estaduais, o governador Zema pode não auferir qualquer pontuação positiva do ponto de vista eleitoral, conforme avaliação de autoridades no assunto.
Ouvido por nossa redação, o cientista político e comentarista de opinião da Rádio Itatiaia, Malco Camargos, é categórico. “Essa ideologia privatista, tese defendida pelo chefe do Executivo mineiro, em nada acrescentaria do ponto de vista político, quando de uma eventual candidatura dele no pleito de 2026, especialmente se a disputa visar a Presidência da República”.
Bastidores da Assembleia
Mas os projetos para venda das ações da Cemig e Copasa ainda estão hibernados nas comissões específicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O assunto promete esquentar debates neste segundo semestre. Consta que a ida do deputado Gustavo Valadares (PMN), para o cargo de secretário de Estado de Governo, teve única e exclusivamente a finalidade de atuar no âmbito do poder Legislativo para aprovação dessas suas matérias.
Não há uma posição definida sobre o tema junto aos 77 parlamentares. Um levantamento preliminar constata que existem 25 deputados de oposição, que prometem fazer muito barulho para evitar a privatização. O governo, em qualquer situação, teria o apoio fechado de outros 25 deputados. Portanto, restariam mais 25, ditos independentes, que sempre atuam de maneira coordenada. Isso significa que não se sabe até o momento o pensamento e a ideologia desse terceiro grupo, a não ser o pragmatismo deles.