A endometriose e a síndrome do ovário policístico (SOP) são dois problemas ginecológicos que frequentemente afetam a saúde da mulher no Brasil. Embora compartilhem alguns sintomas semelhantes, essas condições têm causas e características distintas. É essencial compreender as diferenças para um diagnóstico preciso e um tratamento adequado. De acordo com a Associação Brasileira de Endometriose, a patologia acomete de 10 a 15% das mulheres em idade fértil. Já a síndrome do ovário policístico afeta entre 5 a 21%, segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Conforme explica o ginecologista Marcos Tcherniakovsky, a endometriose se desenvolve lentamente e pode afetar de maneira drástica a fertilidade e qualidade de vida da mulher. “O diagnóstico costuma ser feito entre os 25 e 35 anos, porém, muitas adolescentes apresentam os sintomas nas primeiras menstruações. A doença se caracteriza pela presença de tecido do endométrio, camada que reveste o útero e é responsável pelo sangramento durante a menstruação, para fora da cavidade uterina, causando fortes dores abdominais”.
Ele salienta que a síndrome do ovário policístico se caracteriza pela presença de pequenos cistos nos ovários, associados a um desequilíbrio do ciclo ovulatório e dos hormônios femininos. “Na SOP, os folículos ovarianos não amadurecem adequadamente, formando pequenos cistos nos ovários. Esses cistos podem causar desequilíbrios hormonais, levando a sintomas como menstruação irregular, aumento dos níveis de testosterona, acne, pelos corporais e dificuldade para engravidar”.
Ainda segundo o ginecologista, apesar da causa exata da SOP ainda não ser totalmente compreendida, acredita-se que genética, resistência à insulina e desequilíbrios hormonais são alguns dos fatores. “O diagnóstico da SOP geralmente envolve a análise dos sintomas, exames de sangue para verificar os níveis hormonais e ultrassonografia para detectar a presença de cistos nos ovários”, comenta.
O médico reforça que a endometriose e a síndrome do ovário policístico são duas condições ginecológicas distintas, embora possam compartilhar de algumas situações em comum. “A mais importante é que ambas são estimuladas por uma ação maior do estrogênio (hormônio feminino). É essencial que as mulheres busquem orientação médica adequada caso apresentem sintomas, como dor pélvica, menstruação irregular ou dificuldade para engravidar. Um diagnóstico preciso e um tratamento adequado podem ajudar a melhorar a qualidade de vida e preservar a saúde reprodutiva”, conclui.