Segundo a pesquisa Panorama Mobile Time/ Opinion Box, 79% das crianças de 0 a 12 anos passam em média 3 horas e 53 minutos por dia usando o smartphone. O mês de julho é conhecido pelas férias escolares para milhões de crianças e adolescentes no país e conciliar jovens em casa e uso excessivo de telas é o grande desafio das famílias.
O estudo mostra que 44% das crianças brasileiras de 0 a 12 anos têm seu próprio smartphone e 35% utilizam o aparelho dos pais. O YouTube é o aplicativo mais acessado, seguido de WhatsApp e YouTube Kids. O tempo médio de uso diário começa em 2 horas e 56 minutos por crianças de 0 a 3 anos de idade. Passa para 3 horas e 17 minutos na faixa etária entre 4 a 6 anos e para 3 horas e 29 minutos pelos que têm de 7 a 9 anos, até chegar a 4 horas e 46 minutos de utilização pelas crianças de 10 a 12 anos. No levantamento, os pais explicam que a principal razão para dar ou emprestar um smartphone ao filho é entretê-lo. A questão é que o entretenimento pode trazer prejuízos ao desenvolvimento infantil.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças menores de 2 anos não tenham nenhum contato com telas, nem mesmo televisores. A partir de 2 anos, a TV pode fazer parte da rotina dos pequenos, por no máximo uma hora por dia. Ainda segundo a OMS, o celular só deve entrar na vida das crianças a partir dos 8 anos, com muita precaução. Os próprios pais reconhecem que o smartphone está ocupando tempo demais na infância dos filhos. Conforme a pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box, 55% deles acreditam que as crianças passam mais tempo do que deveriam usando o aparelho.
A psicóloga Ellen Oliveira alerta que as consequências pelo uso excessivo de tela são graves. “A superexposição a eletrônicos pode causar déficit de atenção, atrasos cognitivos, distúrbios de aprendizado, aumento de impulsividade e diminuição da habilidade de regular emoções, provocando ansiedade, depressão e agressividade. Também pode gerar dependência digital, transtornos de alimentação e de imagem corporal, cyberbullying, além de ampliar o risco de abusos sexuais e pedofilia, problemas visuais, auditivos e de postura”.
“A partir do momento que a criança precisa de uma interação para o desenvolvimento das habilidades e do próprio relacionamento interpessoal, esse contato mais próximo com as telas pode gerar transtornos, como ansiedade, problemas de visão, dificuldades para dormir, atraso na aprendizagem, além de afetar a interação social e ter impactos cognitivos, afetivos e psicomotor. Dentre as habilidades psicomotoras estão o sentar, andar, correr, entre outras”, enfatizou Ellen.
Ela destacou ainda como as atividades e brincadeiras da infância contribuem com o desenvolvimento infantil. “As crianças também aprendem brincando como, por exemplo, pulando corda e jogando amarelinha. Essas brincadeiras trabalham o movimento e trazem situações pertinentes à infância, que é o compartilhamento de brinquedos, aprender a lidar com conflitos e até mesmo a tomar decisões”, salientou.
Os pais e responsáveis têm uma atuação importante nesse processo. “A família exerce uma grande influência porque educa e ensina como utilizar o smartphone de forma segura e responsável, demonstrando interesse nos assuntos dos filhos e mantendo uma relação de diálogo. As férias são um excelente período para ambos se conhecerem melhor, bem como criarem espaços de diálogo e compartilhamento de emoções e experiências”, finaliza.