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Armas contra o racismo

Não são apenas leis mais rígidas que servem como instrumento para minimizar o ímpeto de quem está pré-disposto a praticar crimes em geral. É assim no caso de meliantes contumazes, que assacam contra cidadãos e também solapam o patrimônio público. Paralelamente, ocorrem delinquências de outras ordens, inclusive, tão danosas como os demais atos de violência corriqueiros, registrados pelas autoridades policiais, especialmente nas grandes cidades do Brasil e do mundo.

Sobre essa pauta extensa de desatinos, o diretor executivo do Observatório de Discriminação Racial no Futebol, Marcelo Carvalho, emite opinião propondo punição severa contra os autores de racismo. Ele, não resta dúvida, está certo, ao sugerir as barras da lei para coibir essa avassaladora onda de pessoas, que, sem o menor pudor, incitam esse tipo de crime. Mas só a punição prevista em lei não basta e o mundo civilizado está sendo chamado a mudar de hábitos. O respeito do ser humano para com o próximo nunca foi tão reivindicado como agora. O caminho para retirar isso da massa cinzenta de cérebros contaminados esteja nos bancos das escolas e, concomitantemente, nas discussões perante grupos organizados da sociedade.

Afinal, as explosões de ataques racistas nos estádios, turbinados a partir das agressões contra o jogador brasileiro Vini Junior é um retrato do que acontece em grande parte do mundo, especialmente por cidadãos que usam os estádios de futebol para extravasarem as suas frustrações, despejando a sua parcela de ódio contra irmãos, os mesmos que desde a África Antiga sempre ajudaram e contribuíram para o desenvolvimento da raça humana, caminhado para a civilização e que nesta fase da vida, depois de mais de dois mil anos da era cristã, ainda continuam sendo tratados com diferença por seus semelhantes, em situação de completo desrespeito.

É hora de união de todos, especialmente de professores, defensores dos direitos humanos e autoridades, para que essa chaga seja extinta de vez, evitando que irmãos de pele escura sejam tratados de maneira diferente de quem tem pele clara.

Efetivamente no caso do jogador brasileiro, hostilizado na Espanha, o tema parece ter sensibilizado as autoridades, especialmente os dirigentes de entidades do mundo dos esportes a serem mais incisivos contra as manifestações nos estádios, com frase pejorativa e de desrespeito com um dos maiores atletas da atualidade, no segmento do futebol.

Neste sentido, cabe, então, à sociedade como um todo, chamar para si a responsabilidade de contribuir para o fim dessa escalada de falta de compromisso de alguns racistas, espalhados pelos mais diferentes rincões do mundo, dito que, esses episódios ocorrem também no Brasil, de maneira velada, mas é fato.