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Dias melhores virão

A esperança de que a pandemia vai passar é a frase mais alentadora no Brasil e no mundo para quem está ao longo dos meses em isolamento social. Mas enquanto isso não ocorre plenamente, a vida segue o seu curso com suas virtudes e dilemas. E olha que são inúmeros os percalços enfrentados por todos, especialmente para quem apesar dos pesares, está sendo obrigado a deixar o afastamento temporário para buscar o retorno, mesmo que lento e gradual de suas atividades profissionais.

Nessa última semana houve uma notícia oficiosa nos bastidores do mundo dos negócios: o não retorno das escolas é um dos motivos dorsais para o futuro da desorganização da economia global. Sabidamente há exagero no conteúdo disponibilizado para os milhões de internautas, porém, a população em geral deve levar em consideração que o mundo, depois da chegada da COVID-19, carece ser reinventado. Mas a interrogação a mensurar é quem vai se encarregar de cuidar disso? A quem caberá os primeiros passos para o limiar desse “novo mundo”? Onde buscar a harmonia necessária entre as diferentes raças, crenças, religiões e extrato social? São indagações pertinentes ao episódio em questão.

Mesmo porque, por ocasião do feriado de 7 de setembro em todo o Brasil, ficou nítida a realidade de que poucos foram os respeitadores das recomendações de evitar aglomerações. Contrariamente a essa direção médica, registrou-se do Oiapoque ao Chuí, uma enorme multidão em logradouros públicos, além de bares e restaurantes, enfim, foi como se grande parte da população de nosso país tivesse sido liberada de uma prisão domiciliar, desprezando a gravidade e magnitude de um vírus mortal, conforme vem alertando várias autoridades de saúde.

É nítido o ceticismo de determinadas camadas sociais no sentido de que possa estar havendo um jogo político no processo de condução das decisões sanitárias de combate ao coronavírus. Na prática, sabe-se sucintamente que será um segundo semestre ainda mais sofrível para todos, devido a desordem econômica, mediante o fechamento de várias empresas, culminando com o aumento do desemprego, além das dificuldades do governo federal em manter os programas sociais para custear o sustento de milhares de cidadãos menos favorecidos. É uma espécie de cesta de problemas, envolvendo desde a cadeia produtiva, perpassando pelos pais de família e desembocando nos vendedores ambulantes. Os representantes desses segmentos citados não conseguem mais ficar em casa, porque cabe a eles a responsabilidade de garantir o sustento de seus respectivos lares.

Os mais de 200 milhões de habitantes não podem mais ficar em seu recomendado isolamento como preconizam as autoridades. A partir de agora, as cenas de transeuntes usando as suas propaladas mascaras respiratórias irão aumentar, mais por imposição do que propriamente por convencimento lógico. Porém, apenas essa prática talvez não seja suficiente para afastar o germe de todos os usuários. Então, se não é capaz de resolver o drama com plena eficiência, resta aos cidadãos dessa terra de Cabral saber que o problema existe e a decisão de se deslocarem ou não pelas suas cidades é única e pessoal. Não adianta depois de possível contágio querer jogar a culpa nos governantes, pois mal ou bem estão avisando a todos sobre a necessidade de se cumprir um protocolo de retorno à vida normal.

De resto é esperar que a solidariedade de nossa gente possa acontecer, especialmente acudindo os não abastados para que a vida deles não venha sucumbir diante de um germe tão medonho. Quando chegar a hora da reconstrução do “novo mundo”, todos serão importantes para dar um passo à frente no sentido de que a humanidade tem plena capacidade de sempre vencer obstáculos e desafios, mesmo que imensos como os provocados pela COVID-19.