Praticar atividade física ajuda a compensar, pelo menos em parte, os prejuízos de dormir mal, segundo um estudo recém-publicado no European Journal of Preventive Cardiology. Uma equipe de pesquisadores examinou dados coletados de mais de 92 mil adultos, com idades entre 40 e 73 anos, e então rastrearam os resultados de saúde dos participantes anos depois. Previsivelmente, aqueles que dormiram pouco, ou aqueles que dormiram demais e quase não se exercitaram, geralmente tinham maior probabilidade de morrer durante esse período, inclusive de problemas como câncer e doenças cardiovasculares.
Mas os pesquisadores também descobriram uma tendência surpreendente nos dados: as pessoas que se exercitavam muito não apresentavam um risco aumentado de morte, mesmo quando dormiam menos de 6 horas por noite. O estudo sugere que completar 150 minutos de atividade física moderada ou vigorosa todas as semanas pode anular algumas das consequências para a saúde associadas a dormir demais ou dormir pouco.
O personal trainer Caio Martins diz que qualquer tempo de atividade física é valido. “Nosso corpo depende da energia armazenada nos músculos na forma de glicogênio para os treinos. Se essa reserva está baixa, podemos sentir fadiga muscular. Porém, quando nos exercitamos sem dormir direito, os músculos se cansam antes mesmo do estoque de glicogênio reduzir significativamente. Malhar pode ajudar a equilibrar os efeitos do sono não saudável, ajudando a regular o metabolismo e a atividade do sistema nervoso simpático”, explica.
Segundo o cardiologista Pedro Soares, também é possível que o sono ruim contribua para o risco de doenças cardíacas. “O exercício pode regular a pressão sanguínea e aumentar a sensibilidade à insulina. Atividades físicas moderadas a vigorosas podem ajudar a pegar no sono mais rápido e a diminuir a quantidade de vezes que acordamos durante a noite. Ainda aliviam a sonolência diurna e reduz a necessidade de tomar medicamentos para dormir”.
Os pesquisadores investigaram a associação conjunta de atividade física medida por acelerômetro e duração do sono com risco de mortalidade por todas as causas e por causa específica. Dividiu-se a duração do sono em três grupos (curto, normal e longo), o volume total de atividade física em três níveis (alta, intermediária, baixa).
O estudo concluiu que cumprir as recomendações de atividade física moderada a vigorosa ou um volume maior de atividade física em qualquer intensidade diminuíram potencialmente os efeitos adversos na mortalidade por todas as causas e causa específica associada à duração curta e longa do sono.