Home > Destaques > Um terço dos adultos acima de 35 anos tem gordura no fígado

Um terço dos adultos acima de 35 anos tem gordura no fígado

Foto: Freepik.com

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e colaboradores da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), apontou que a esteatose hepática não alcoólica, doença popularmente conhecida como gordura no fígado, afeta 35,1% da população com mais de 35 anos. Segundo a hepatologista, Heloísa Andrade, sobrepeso, diabetes, colesterol alto, pressão alta, má nutrição, perda ou ganho brusco de peso, gravidez, cirurgias e sedentarismo são fatores de risco para o aparecimento da patologia.

Ainda de acordo com Heloísa, a esteatose hepática não alcoólica acontece quando as células do fígado são infiltradas por células de gordura. “É normal haver presença de gordura no órgão, mas se o índice chega a 5% ou mais o quadro deve ser tratado o mais brevemente possível. Caso contrário, a doença pode provocar, em médio e longo prazo, uma inflamação capaz de evoluir para problemas mais graves de hepatite gordurosa, cirrose hepática e até câncer no fígado”.

Já nos quadros leves, a esteatose hepática é assintomática. Os sintomas aparecem quando surgem as complicações. “As queixas são de dor, cansaço, fraqueza, perda de apetite e aumento do fígado. Nos estágios mais avançados, caracterizados por inflamação e fibrose que resultam em insuficiência hepática, os sinais mais frequentes são ascite (acúmulo anormal de líquido dentro da cavidade abdominal), encefalopatia, confusão mental, hemorragias, queda no número de plaquetas, aranhas vasculares e icterícia”, diz Heloísa.

Ela ressalta que não existe um tratamento específico para o fígado com excesso de gordura. “Ele é determinado de acordo com as causas da doença, que tem cura, e baseia-se em três pilares: estilo de vida saudável, alimentação equilibrada e prática regular de exercícios físicos. São mais raros os casos em que é necessário introduzir medicação”.

Diabetes

A médica afirma que o diabetes pode ser uma das causas para a esteatose hepática, porém, o estudo mostrou que o contrário também pode acontecer. A incidência de diabetes entre os participantes foi de 5,25%. Quando realizada a comparação entre os grupos com e sem esteatose hepática, os pesquisadores obtiveram uma incidência de 7,83% no grupo com esteatose hepática e de 3,88% no grupo sem esteatose. A presença de gordura no fígado aumentou em 30% o risco de desenvolver diabetes.

Para a nutricionista Carla Martins, o cenário nutricional do Brasil justifica a crescente dos índices de sobrepeso, obesidade e diabetes. “A população exibe maus hábitos de alimentação e sedentarismo. É importante que profissionais da saúde reforcem a conscientização de seus pacientes ao aconselhar e recomendar mudanças significativas nos hábitos de vida, principalmente atividades físicas regulares, dieta saudável, perda de peso e controle dos demais fatores metabólicos”.

Por último, ela faz algumas recomendações. “Esteja atento às medidas da circunferência abdominal, que não devem ultrapassar 88 cm nas mulheres e 102 cm nos homens. Procure manter o peso dentro dos padrões ideais para sua altura e idade e restrinja o consumo dos carboidratos refinados e das gorduras saturadas. Substitua esses alimentos pelos integrais e por azeite de oliva, peixes, frutas e verduras”.