De acordo com a pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) registrou 49,9 pontos em março e migrou para a zona de falta de confiança. O resultado é 0,7 ponto menor do que o registrado em fevereiro, quando o Icei apresentou uma leve recuperação e interrompeu uma série negativa de quatro meses consecutivos.
Na pesquisa da CNI, a variação é de 0 a 100 pontos, com uma linha divisória de 50 pontos. Resultados abaixo dessa “nota de corte” mostram desconfiança, acima dos 50, confiança. Segundo a instituição, a queda é explicada pela piora da avaliação das condições atuais da economia brasileira e das empresas.
Já para a doutora em economia, Tânia Cristina Teixeira, não há uma queda de confiança, ela acredita que existe um declínio da atividade produtiva, na redução do consumo e da renda. “Se o governo tiver um programa de recuperação, juntamente com políticas de crédito e incentivo para indústria, certamente o setor poderá retomar o crescimento, sem grandes riscos. Vai ter um período de maturação e depois um momento de redimensionar a indústria brasileira, mas isso é muito mais uma possibilidade, a partir de implantação de políticas públicas, do que de confiança dos agentes”.
Tânia pontua ainda que a questão da confiança ou a reação do agente, seja o governo, as empresas familiares ou os investidores, não garantem a retomada das aplicações. “Uma parte dos economistas acredita que sem investimento não se tem condição de mudar a posição do que se refere ao produto e a renda, que possa favorecer um cenário mais proativo e de confiança, com a possibilidade de ter um retorno no investimento e permitir um desempenho e capacidade maiores. Considero que não é uma questão de meses para aumentar a confiança, como a gente vê no cálculo do risco do setor financeiro, acho que difere do âmbito de uma estrutura produtiva, principalmente se estiver negociando com bens tangíveis”.
Componentes do Icei
O Índice de Condições Atuais recuou 1,7 ponto em março, registrando 44,2 pontos. Ao cair para mais abaixo da linha divisória de 50 pontos, o número demonstra uma percepção de piora mais forte e disseminada da indústria sobre as condições atuais da economia brasileira e das empresas.
O gerente de Análise Econômica, Marcelo Azevedo, explica que o índice está abaixo, mas bem próximo de 50 pontos. “A avaliação dos empresários é a mais negativa desde julho de 2020. Naquele mês, o índice registrou 34,5 pontos, pois a confiança do setor empresarial seguia abalada pela crise causada pela pandemia de COVID-19”.
Por outro lado, o Índice de Expectativas ficou praticamente estável com uma variação de -0,2 pontos, registrando 52,7 pontos. Ao permanecer acima da linha divisória dos 50 pontos, o indicador demonstra otimismo do setor industrial com relação aos próximos seis meses.
A CNI destaca que esse otimismo dos empresários se manifesta somente com relação às suas próprias empresas (56,1 pontos), enquanto em relação à economia brasileira há pessimismo (46,0 pontos).
Empresários mineiros demonstram confiança
Diferente do cenário nacional, o Icei, medido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), registrou 51,4 pontos em março, ficando estável no período, e indicou que os industriais estão confiantes, pelo segundo mês seguido.
Segundo a economista Daniela Muniz, da Gerência de Economia e Finanças da Federação, a confiança dos empresários de Minas Gerais está ancorada no otimismo para os próximos seis meses. “As primeiras definições quanto à agenda econômica do governo e sinalização do anúncio de um novo arcabouço fiscal, ainda em março, influenciaram positivamente as perspectivas dos empresários”.
Entretanto, o Icei caiu 4,4 pontos na comparação com o mesmo período de 2022 (55,8 pontos), sendo o mais baixo para o mês em sete anos, e foi 1,4 ponto inferior à sua média histórica (52,8 pontos). O componente de condições atuais mostrou relativa estabilidade entre fevereiro (46 pontos) e março (45,9 pontos). Já a expectativas cresceu 0,3 ponto e alcançou 54,2 pontos.