O governo federal autorizou um reajuste no preço dos remédios de até 10,89%. A medida já começou a valer desde 1º de abril e o percentual aplicado ficou acima da inflação do ano anterior, quando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou em 10,06%. Esse é o segundo maior aumento desde 2005. Os brasileiros vão sentir no bolso o impacto de mais um aumento, visto que a maioria gasta boa parte da renda com a compra mensal de medicamentos de uso contínuo.
O cálculo foi feito pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Para chegar ao índice foram observados fatores como a inflação dos últimos 12 meses (IPCA), a produtividade das indústrias de medicamentos (fator X), custos não captados pela inflação, como o câmbio e a tarifa de energia elétrica (fator Y) e a concorrência de mercado (fator Z).
O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) destacou que o reajuste não é automático e nem imediato, uma vez que a concorrência entre as empresas do setor regula os preços: medicamentos com o mesmo princípio ativo e para a mesma doença são oferecidos no país por vários fabricantes e em milhares de pontos de venda.
“Dependendo da reposição de estoques e das estratégias comerciais dos estabelecimentos, aumentos de preço podem demorar meses ou nem acontecer. É importante o consumidor pesquisar nas farmácias e drogarias as melhores ofertas dos medicamentos prescritos pelos profissionais de saúde”, recomenda o presidente executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini.
Alguns proprietários de drogarias ainda devem manter os preços antigos, como é o caso do Antônio Batista. “Todos os anos têm esse aumento em março e que começa a valer a partir de abril. Temos três lojas e já prevendo uma alta, costumamos fazer um estoque para garantir um valor mais baixo aos nossos clientes por pelo menos alguns meses. Fazemos isso há um bom tempo e tem dado certo. Nós conseguimos fidelizar o consumidor e ainda conceder desconto em determinados medicamentos”.
Como economizar
De acordo com o farmacêutico Wendel Guedes, optar por genéricos ou similares pode gerar uma grande economia. “Eles têm o mesmo princípio ativo e concentração dos originais. Outra dica é procurar uma farmácia de manipulação. Normalmente, os preços são um pouco mais em conta”.
Ele alerta ainda que caso o consumidor esteja pensando em estocar remédio para aproveitar os preços, deve ficar de olho na validade e condições de armazenamento. Guedes diz que para quem compra medicamentos de uso contínuo, uma dica é entrar em contato com o laboratório e fazer um cadastro. “Eles costumam oferecer descontos que vão de 20% até 60%.
Outra alternativa é recorrer ao Farmácia Popular, programa mantido pelo governo federal. Diversos remédios para diabetes, problemas respiratórios e hipertensão são distribuídos gratuitamente. Já para doença de Parkinson, osteoporose, glaucoma, rinite, colesterol alto, anticoncepcionais e fraldas geriátricas têm descontos que podem chegar a 90%. Basta comparecer a um estabelecimento credenciado, levando receita médica emitida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou particular, documento oficial com foto e CPF.