De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de adultos com hipertensão entre 30 e 79 anos aumentou de 650 milhões para 1,28 bilhão nos últimos 30 anos. Desse total, mais de 700 milhões não recebem qualquer tipo de tratamento. Segundo o médico especialista em pneumologia, Gleison Guimarães, o tempo total curto de sono menor que 6 horas é um forte determinante de saúde que se correlaciona com problemas metabólicos, cardiovasculares e mentais, bem como acidentes.
Ele reforça que mesmo por períodos pequenos de tempo, pode levar a um comprometimento da regulação do humor, com uma maior tendência a sentimentos negativos e redução de emoções positivas. “Afeta as conexões sociais no trabalho, na família e com os amigos, inclusive prejudicando a capacidade de lidar com o estresse e desqualificando as tomadas de decisão”.
Além da falta de sono, outros fatores de risco para o aumento da pressão arterial incluem idade, tipo de dieta, prática de exercícios físicos, uso ou não de tabaco e o histórico familiar. “A recomendação é que um adulto precisa ter entre 7 e 9 horas de sono por noite, mas o que acontece é que as pessoas têm dificuldade de manter esse hábito como uma rotina”, explica o médico.
Estar em dia com a vacinação, junto com o bom funcionamento do sistema imunológico e durante o período em que descansamos, faz as defesas do corpo atuarem com mais força. E, segundo artigo publicado na revista Translational Psychiatry, pesquisadores apontaram que duas doses da vacina mRNA estão associadas a um menor risco pós-COVID. Mas essa proteção pode ser menor entre aqueles que dormem menos de 6 horas por noite.
“Já sabíamos, com base em estudos anteriores, que a duração do sono no momento da vacinação contra infecções virais pode afetar a resposta imune. Essa pesquisa mostra que dormir pelo menos 6 horas por noite pode representar uma medida simples para reduzir o risco pós-COVID em indivíduos totalmente vacinados”, diz Gleison.
No caso de pessoas com o sistema imunológico comprometido ou ausente, o médico esclarece que estender a duração do sono durante a noite, após a vacinação, poderia não apenas ajudar a garantir uma resposta mais adequada, como contribuir para reduzir a incidência de doenças graves. “É interessante que, para alguns indivíduos, a duração do sono pode até ter aumentado durante a pandemia de COVID-19, possivelmente como resultado de uma maior flexibilidade de trabalho”, comenta.
Gleison afirma que com a análise de informações sobre possíveis reinfecções, horários de trabalho e comorbidades, o monitoramento do sono e o momento da vacinação poderiam fornecer dados mais conclusivos para agências de saúde pública, prestadores de cuidados de saúde e pacientes sobre a importância desses fatores para otimizar o sistema imunológico como um todo e melhorar ainda mais a eficácia da vacina.
“Nesse contexto, acreditamos que o estímulo a um sono saudável em nossa sociedade pode ser muito útil na promoção da saúde cardiovascular, endócrino, metabólica e imunológica. Todas essas alterações pioravam os resultados e desfechos clínicos nas infecções, e seria de fundamental importância em caso de futuras pandemias virais”, conclui.