Um estudo realizado com mais de 265 mil pessoas pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), aponta que moradores de todas as capitais e do Distrito Federal aumentaram o tempo gasto no lazer em seus celulares, computadores ou tablets. Entre 2016 e 2021, esse tempo subiu de 1,7 para 2 horas por dia. Já o tempo médio assistindo televisão caiu de 2,3 para 2,2 horas diárias. Outro dado que chamou a atenção dos pesquisadores é o aumento da frequência de adultos que gastaram 3 horas ou mais do dia em frente às telas, passando de 19,9% para 25,5%.
Alguns estudos têm apontado que o tempo prolongado de tela nas horas de lazer está relacionado ao comportamento sedentário e, como consequência, há o surgimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como patologias cardiovasculares, respiratórias crônicas (bronquite, asma, rinite), hipertensão, câncer, diabetes e metabólicas (obesidade, diabetes, dislipidemia).
“Analisamos esse comportamento por ser tema central na agenda mundial de saúde pública, e pelo fato de o tempo de tela, especialmente no lazer, ser uma possibilidade de escolha da pessoa”, explica a pesquisadora Pollyanna Costa Cardoso.
Ela recomenda que sejam feitos intervalos de pelo menos cinco minutos para se movimentar a cada hora em que esteja sentado em frente à TV, ou usando celulares, computadores e tablets. “Isso deve ser atrelado ainda com a prática de atividade física moderada a intensa para melhores resultados de saúde e qualidade de vida”.
Consequências do uso em excesso
Ficar tempo demais em frente a telas pode causar alguns problemas tanto na visão, como miopia, vista cansada e dores de cabeça, principalmente no final do dia. “A exposição constante à luz pode ocasionar sensibilidade, fotofobia e provocar uma dor de cabeça por tensão. As queixas de dores de cabeça são muito comuns. Além disso, pode agravar casos de enxaqueca”, como explica a oftalmologista Aline Couto.
Outro problema que está relacionado a ficar muito tempo em frente às telas é a diminuição da capacidade de concentração e da qualidade do sono. “Porque a luz emitida acaba interferindo na produção de melatonina, o hormônio do sono. E o uso excessivo de telas também pode levar a um quadro de dependência virtual. Há sinais de maior angústia e irritabilidade em pessoas que são forçadas a enfrentar momentos prolongados desconectados”, esclarece a psicóloga Bruna Richter.
Qual é o período máximo de exposição às telas?
Ainda não existe um consenso de qual é o tempo considerado ideal. O estudo da UFMG estabeleceu que 3 horas era o período máximo de exposição. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) orienta limites para cada faixa etária. E uma regra que vale para todas é nada de telas durante as refeições e desligá-las no mínimo 1 hora antes de ir dormir.
- Crianças menores de 2 anos: não deve ser usado;
- Crianças entre 2 e 5 anos: até 1 hora por dia;
- Crianças entre 6 e 10 anos: até 2 horas por dia;
- Adolescentes entre 11 e 18 anos: até 3 horas por dia e evitar a exposição durante o período noturno.