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160 mil pessoas aguardam por cirurgia eletiva em Minas Gerais

Mutirões e parcerias com a iniciativa privada podem ajudar diminuir a fila – Foto: Pixabay

Minas Gerais tem hoje mais de 160 mil cirurgias eletivas pendentes, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Durante o ano de 2021, a fila de espera chegou a ter uma estimativa de 370 mil pessoas. Os procedimentos que possuem uma maior demanda no estado são de otorrinolaringologia, neurologia, urologia, cirurgia geral, ortopedia e ginecologia.

A cirurgia eletiva é aquela que não possui caráter emergencial, podendo ser feita sem um tempo definido. A
maioria é simples, com o procedimento e a alta do hospital ocorrendo, no máximo, 24 horas após a realização. Dentre as mais comuns estão a retirada de pedras na vesícula, de catarata e correção de hérnias. No Brasil, o tempo de espera por uma cirurgia eletiva antes da pandemia variava de 6 meses até 2 anos.

Mas, devido a grande demanda de leitos nas fases mais agudas da COVID-19, acabou ocorrendo um grande represamento de cirurgias em todo o país. De acordo com um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), utilizando estimativas do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus). Entre 2016 e 2020, 1 milhão de cirurgias não foram realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Um exemplo de quem precisa passar por uma cirurgia, mas ainda nem tem um prazo de quando vai ser submetida ao procedimento é a diarista Maria Ivonete Santos. Ela descobriu em maio de 2020 que está com pedras na vesícula. “Dei entrada na Secretaria de Saúde com o pedido, mas até hoje, não há previsão de quando será feita”.

Pensando na resolução do problema, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) já recomendou ao governo federal a criação de mutirões para atender aqueles pacientes que estão aguardando a realização da sua cirurgia.

Além da realização dos mutirões, Cláudia de Souza Pereira Abreu, especialista em gestão em saúde, aponta outras alternativas para a diminuição desses problemas. “Parcerias com hospitais privados e o pagamento por uma quantidade determinada de procedimentos ajudam na redução do número de pacientes aguardando pela realização da cirurgia”.

Uma outra opção para diminuir a fila de espera das cirurgias eletivas é a utilização de outro método de operação. A cirurgia ambulatorial é a realização de procedimentos sem a necessidade de o paciente ficar internado em um hospital. Esse tipo busca ter uma qualidade nos resultados e trazer segurança para o paciente, além de ajudar na redução de custos.

Quem defende a ampliação da utilização da cirurgia ambulatorial é o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Ambulatorial (Sobracam), Dr. Fábio Soares. “Precisamos criar mecanismos para selecionar quais serão os casos que possam ser operados em unidades ambulatoriais. Isso representaria uma retirada expressiva de procedimentos dos
hospitais gerais públicos, abrindo espaço para casos mais complexos ou urgentes, além de permitir um atendimento mais rápido e ajudar na redução da fila dos pacientes que aguardam, em alguns casos, por mais de 2 anos para uma cirurgia simples, como a de catarata”, defende.

Diminuição das filas

Pensando em diminuir as filas de espera por uma cirurgia eletiva, o governo do Estado criou, em 2021, o programa “Opera Mais, Minas Gerais”. Durante todo o ano de 2022, mais de 150 mil cirurgias eletivas foram realizadas. Em 2019, ano antes da pandemia, foram feitos menos de 130 mil procedimentos.

E no último dia 26 de janeiro, o Ministério da Saúde aprovou em conjunto com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), a criação do Programa Nacional de Redução das Filas de Cirurgias Eletivas, Exames Complementares e Consultas Especializadas. A previsão é que sejam destinados cerca de R$ 600 milhões para execução dessas cirurgias e exames.