A eleição para a presidência do Senado, marcada para o dia 1º de fevereiro, opõe a candidatura à reeleição do atual presidente da Casa, o mineiro Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que conta com o apoio da grande maioria dos senadores, a do recém-eleito senador, Rogério Marinho (PL-RN), que busca dar sobrevida a pautas bolsonaristas no Congresso. Apesar do ambiente de disputa, parlamentares apontam amplo favoritismo de Pacheco, principalmente após os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro.
Senadores envolvidos no processo asseguram que não há espaço no Senado para nomes ligados ao bolsonarismo. Por mais que Marinho tente se afastar do movimento, seus apoiadores defendem projetos polêmicos e, talvez, o mais controverso de todos, o pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de
Moraes, um dos principais desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Fiador da democracia e do resultado eleitoral, Pacheco teve os dois primeiros anos de sua gestão (2021/2022) marcados como os mais produtivos da história do Senado desde a promulgação da Constituição.
Os serviços prestados à população por Pacheco incluem, sob sua condução, a aprovação de leis que destravaram a compra de imunizantes contra o novo coronavírus, além da análise célere e a aprovação das fontes de recursos a auxílios emergenciais financeiros destinados aos mais necessitados no momento mais agudo da crise sanitária. O senador é avaliado ainda pela administração do comando do Senado com critérios de sobriedade, diálogo, busca de consensos e por barrar pautas defendidas pelos mais radicais.
Aliados de Pacheco dizem que sua gestão permitiu, de maneira democrática, que todos os senadores participassem ativamente da formulação e da análise dos mais diversos projetos, amplificando e fortalecendo o espírito plural da Casa, e do conjunto de senadores, sem impor nenhum tipo de objeção em razão das colorações partidárias que
compõem o Senado.
Além da produção legislativa, Rodrigo Pacheco se destacou pela defesa da democracia nos momentos mais agudos de ataques sofridos pelas instituições do país, que foram acossadas diversas vezes pelos arroubos antidemocráticos explicitados pelo ex-presidente da República durante os quatro anos de mandato.
Já Marinho, que foi ministro no governo de Jair Bolsonaro, defende, prioritariamente e de maneira monotemática, o “resgate” do protagonismo do Senado, explicitamente em relação a uma “hipertrofia” e “inércia’ do Congresso ante os demais Poderes. Nas entrelinhas e de forma difusa, refere-se ao Supremo, visto como instituição que tolheu as pretensões radicais e antidemocráticas de Bolsonaro.
Em poucas oportunidades, Marinho, cuja candidatura foi desidratada consideravelmente pelos atos terroristas em Brasília, deixou de lado a catilinária da “hipertrofia” para entremear esse principal desejo de retaliação com pinceladas exíguas e superficiais de como atuará para resolver os principais e graves problemas que afligem a
realidade dos brasileiros.
Neste ponto, afirmam alguns senadores, demonstra-se o desconhecimento de Marinho do funcionamento do Senado e dos temas que precisam ser analisados com urgência pela Casa Alta. Sua eleição, em última análise, segundo os parlamentares, representaria o engessamento da governabilidade do presidente Lula (PT) e a abertura para a apreciação de pautas mais radicais, como ampliação do uso de armas, de agrotóxicos e do garimpo ilegal.