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Consumo nos lares cresce 3,02% e atinge maior patamar do ano

Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

 

De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o consumo nos lares brasileiros registrou alta de 3,02% até outubro, sendo o maior aumento no ano. O indicador se aproxima do crescimento acumulado observado em 2021, quando a marca atingida foi de 3,04%.

Em outubro, houve elevação de 8,1% no consumo em relação ao mesmo mês de 2021. Já na comparação com setembro de 2022, a alta foi de 6,27%. A projeção da associação é de crescimento de 3% a 3,3% para este ano.

Segundo a Abras, o pagamento antecipado de benefícios sociais contribuiu para o aumento do consumo nos lares. “É notável o quanto a ampliação do valor do Auxílio Brasil e a inclusão constante de beneficiários, em condições de vulnerabilidade social, expandiram a ingestão de alimentos neste semestre e, de forma mais expressiva, em outubro”, analisa o vice-presidente Institucional da Abras, Marcio Milan.

Além do beneficio social, a associação cita o crescimento do emprego com registro em carteira e a desaceleração da inflação como fatores que também contribuíram para a ampliação do índice.

A economista Pamela Sobrinho explica que, apesar do crescimento do consumo nos lares, os brasileiros ainda não voltaram a ter poder de compra. “Isso só existe quando o pagamento recebido pelas famílias tem um acréscimo maior que o do período corrigido pela inflação, como o último aumento real do salário mínimo, que foi em 2019. O que aconteceu é a ampliação de renda, ocasionada pelo Auxilio Brasil, de pessoas que estavam sem nenhuma receita, vivendo de doações”.

Ela complementa que esse avanço deve ser um caminho nos próximos meses. “Com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da transição do novo governo, que garante a manutenção do Auxílio Brasil, e a previsão de que o salário mínimo tenha reajustes reais, ou seja, aumento acima da inflação, a tendência é que as famílias possam voltar a se alimentar minimamente”.

O resultado da pesquisa contempla os formatos de loja atacarejo, supermercado convencional, loja de vizinhança, hipermercado, minimercado e e-commerce. Todos os indicadores são deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Cesta de alimentos

Conforme o AbrasMercado, indicador que mede a variação de preços nos supermercados, em novembro, houve recuo de 0,98% no preço da cesta composta exclusivamente por alimentos: leite longa vida (-6,28%), feijão (-3.39%), óleo de soja (-0,94%), café moído (-0,44%), carne bovina -traseiro (-0,41%), açúcar (-0.35%) e queijo (-0,17%). A queda ocorreu em todas as cinco regiões do país.

Na média nacional, em outubro, o valor passou de R$ 319,57 para R$ 316,45 em novembro. Porém, a cesta composta por 35 produtos de largo consumo, dentre eles alimentos, bebidas, carnes, produtos de limpeza e itens de higiene e beleza, apresentou alta de 0,42%, puxada pelo tomate (17,79%), cebola (13,79%), batata (8,99%) e farinha de mandioca (5,69%).

Na categoria de higiene e beleza, os produtos com maior variação foram: sabonete (0,92%), xampu (1,05%), creme dental (0,56%) e papel higiênico (0,68%). Na cesta de limpeza, as altas foram puxadas por sabão em pó (2,32%), detergente líquido (0,42%) e desinfetante (0,41%).

Pamela ressalta que a Petrobras praticou uma política de congelamento de preços e os resultados estavam reprimidos. “Os novos valores dos combustíveis e as manifestações antidemocráticas ocorridas no país, que prejudicou o ir e vir nas rodovias, influenciaram o aumento dos custos. Assim como as variações do dólar, a instabilidade internacional e o possível crescimento da taxa de juros americana”.

Com a variação registrada, o preço médio da cesta nacional passou de R$ 743,75 em outubro para R$ 746,85 em novembro. No acumulado em 12 meses, a alta é de 6,47%. Na análise regional, o Sul foi o que teve a menor alteração (-0,46%), seguido por Centro-Oeste (0,08%), Nordeste (0,26%), Sudeste (0,61%) e Norte (0,76%).

A economista finaliza dizendo que o custo da cesta de alimentos, nos próximos meses, ainda pode registrar alta. “Na passagem de ano, normalmente, os preços de produtos e serviços costumam ser atualizados pela inflação, além da alta dos valores que ocorre no período natalino”.