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Endividamento das famílias em BH chega a quase 90%

Foto: Pixabay

O endividamento dos belo-horizontinos voltou a subir. Em outubro, 87,2% dos consumidores estavam endividados na capital mineira, com 1,5 pontos percentuais (p.p.) superior ao mês anterior, conforme dados da edição regional da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e apurada pelo núcleo de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG). De acordo com o estudo, se comparado com o mesmo período do ano passado, o endividamento apresentou uma retração de 1,4 p.p.

O percentual de pessoas com contas em atraso apresentou uma queda na comparação mensal, assumindo o valor de 42,2% em outubro. Esse índice é maior em famílias com renda igual ou inferior a 10 salários mínimos (43,9%). Já o número de consumidores que não terão condições de quitar suas dívidas somou 13,7%, apresentando declínio de 1,0 p.p. em relação ao mês anterior. Considerando as famílias com despesas atrasadas, 32,5% entendem que não terão condições de honrar com os compromissos adquiridos no próximo mês.

O levantamento apontou ainda que os débitos comprometem mais de 10% da renda familiar em 83,2% dos casos, sendo 24,6% o percentual de famílias com dívidas que envolvem mais de 50% do orçamento mensal. Em média, as contas comprometem 32% da estimativa do mês.

Grande parte das famílias endividadas envolveu a sua renda por um período de tempo superior a 3 meses, sendo que 70,6% possuem compromissos por tempo igual ou superior a 90 dias. O tempo médio de comprometimento de renda é de 7 meses.

Entre aquelas com contas com pagamento atrasado, 33,8% afirmam que elas ultrapassam 90 dias. A análise também mostra que as despesas estão pendentes, em média, há 57 dias.

A economista Renata Camargos informa que um dos principais fatores do endividamento é o aumento da inflação e a diminuição do poder de compra das famílias. “A queda da renda durante a pandemia somada à inflação geraram necessidades de crédito, principalmente para recomposição da renda, porque as pessoas não estão tendo dinheiro para coisas básicas, como alimentação, vestuário e saúde”.

Ela acrescenta que o declínio do desemprego e ações como o Auxílio Brasil são fatores que melhoram a situação e elevam a renda disponível das famílias, porém são medidas temporárias. “O país precisa de ações macroeconômicas, mais controle de inflação e taxa básica de juros, mantendo um ambiente propício para mais geração de emprego ”.

Bola de neve

O consultor de comunicação, Raul Oliveira, 31 anos, conta que, há 3 anos, entrou num espiral de dívidas devido à faculdade e o cartão de crédito. “Na época, eu ganhava R$ 2 mil e a falta de organização financeira me levou a adquirir um débito de mais de R$ 7 mil. A vida ficou caótica, ligavam me cobrando todos os dias, mas eu não tinha como pagar naquele momento”.

Ele acrescenta que não adianta ceder à pressão das empresas de cobranças e fazer acordos que você não conseguirá honrar. “Mantive a cabeça no lugar e enquanto não chegaram numa parcela possível para que eu pudesse pagar, recebi ligações todos os dias. Depois de um tempo e com uma proposta razoável para os dois lados, finalmente, consegui arcar com o débito”.

Fugindo de dívidas

Para a economista, verificar custos e despesas fixos e variáveis é imprescindível. “É importante ter controle dos gastos mensais para não perder a linha e acabar na inadimplência, analisar as contas e avaliar se é possível reduzir ou até mesmo cortar alguns desses consumos. Também é legal procurar entender mais sobre educação financeira, muitos dos endividamentos se dão pela falta de organização das finanças, o que pode resultar em situações complicadas de se recuperar”.

Ela esclarece que, quem já se encontra endividado, deve manter a calma e analisar as melhores alternativas. “Na busca pelos credores, instituições financeiras e feirões de renegociação, aconselho dar preferência para aqueles que têm a menor taxa de juros, priorizando a parcela que cabe no orçamento, além de colocar os débitos no papel e traçar prioridades de pagamento”.