Segundo o último levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), com dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o valor médio das dívidas das empresas mineiras foi de R$ 6.486,13. Houve um aumento de 6,67% do cadastro de CNPJs na base de negativados do SPC Brasil, se comparado com o ano passado.
As empresas de agricultura representam 14,36% dos CNPJs inadimplentes. Já o setor de serviços indicou 4,97%; seguido pela indústria, 2,31%; e comércio, 1,98%. O valor médio devido na agricultura é de R$ 8.312,82; nos serviços, R$ 6.235,44; indústria, R$ 6.859,58; e no comércio, R$ 7.353,08.
A economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos, explica que se observou um aumento constante desde 2023 no valor médio das dívidas no Estado. “Essa tendência ascendente é atribuída à alta taxa de juros e encargos financeiros do atraso que resultam em um encarecimento das dívidas e dificultam possíveis negociações”.
Já o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, afirma que mesmo que o aumento da inadimplência entre as empresas mineiras seja motivo de atenção, o indicador para o Estado ainda é menor que para o restante do país e para a região Sudeste. “Isso mostra que os empresários estão sendo mais resilientes às turbulências econômicas e sabendo tirar maior proveito de ações, como programas de negociação de dívidas e redução da taxa de juros”.
Pessoas físicas
O estudo também mostrou que o número de negativados de pessoas físicas de Minas Gerais também cresceu. Com uma média de duas dívidas por CPF, o valor médio devido pelos mineiros é de R$ 4.206,81. O detalhamento dos dados mostra que 33,81% dos negativados do Estado possuem dívidas de até R$ 500 e 47,01%, débitos de até R$ 1 mil.
A presidente da Associação de Profissionais em Educação Financeira de Minas Gerais (Abefin/MG), Lusciméia Reis, pontua que esses dados são preocupantes. “Além do valor considerável, o fato de serem mais de uma dívida por CPF indica um padrão de inadimplência, ou seja, débitos que não foram pagos dentro do prazo estipulado”.
“Ter dívidas não é um problema, desde que sejam honradas nos períodos acordados. A inadimplência afeta diretamente a vida das pessoas, tornando-as mais vulneráveis e frequentemente levando a decisões financeiras impulsivas. Além disso, a economia como um todo é impactada, pois menos crédito está disponível no mercado”, acrescenta.
Os mineiros entre 30 e 39 anos são os que acumulam mais dívidas e representam 23,59% do cadastro de inadimplentes do SPC Brasil. O valor médio devido por esse grupo é de R$ 5.117. Já os idosos entre 84 e 94 anos são os que possuem menos contas em atraso, ocupando 1,99% da base de inadimplentes e devendo, em média, R$ 1.518,52. As pessoas acima de 95 anos devem R$ 908,64 e representam 0,67% dos consumidores com débitos.
Lusciméia ressalta que a faixa etária de 30 a 39 anos está mais endividada por várias razões. “Por exemplo, esse é um período em que muitas pessoas estão consolidando suas carreiras, comprando imóveis, e criando famílias, o que aumenta os gastos; crescimento das responsabilidades financeiras, como educação dos filhos e pagamento de financiamentos; e pressão para manter um certo padrão de vida, o que pode levar ao consumo excessivo e ao uso de crédito”.
Na análise da inadimplência por gênero, a participação dos devedores por sexo segue bem distribuída, sendo que os homens representam 44,89% do cadastro de inadimplentes e as mulheres, 44,91%. Em relação aos valores das dívidas, o gênero masculino possui um débito médio de R$ 4.495,06. Já o gênero feminino, R$ 4.086,77.
Apesar dos dados, a presidente da Abefin acredita em uma desaceleração nos números. “Especialmente se os fatores que a impulsionaram, como restrições de crédito e cautela econômica, persistirem. No entanto, isso dependerá também de outras variáveis econômicas, como a taxa de desemprego, inflação e políticas governamentais que possam influenciar o comportamento de consumo e endividamento da população”.