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Endividamento cresce e afeta 79% das famílias brasileiras

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De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o número de famílias endividadas atingiu 79% do total de lares no país em agosto. Em relação ao mês anterior, houve um aumento de 1 ponto percentual e se comparado ao mesmo mês do ano passado, a proporção de endividados teve alta de 6,1 pontos.

Para as famílias com rendimentos até 10 salários mínimos, a alta da contratação de dívidas foi mais expressiva do que entre as de maior renda (de 1,1 ponto e 0,9 ponto, respectivamente). Os dados consideram como endividamento as dívidas a vencer no cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.

A presidente da Associação Brasileira de Profissionais em Educação Financeira (Abefin) de Minas Gerais, Lusciméia Reis, acredita que a inflação colaborou para o endividamento e a inadimplência das famílias de baixa renda. “A questão é que, desde o início da pandemia, os produtos básicos de supermercado foram alterando de preço. Sendo assim, aquela família que fazia compras na faixa de R$ 500, R$ 600 ou R$ 800, hoje gasta R$ 1.500 ou R$ 2.000. Por esse motivo, é que a inflação divulgada na imprensa brasileira, não representa a das nossas casas”, explica a educadora.

O estudo mostra ainda que o número de pessoas endividadas nos carnês e cartões de lojas do varejo vem crescendo desde maio deste ano. O total de famílias com dívidas na modalidade alcançou 19,4% em agosto, um aumento de 0,5 ponto percentual em relação a julho e de 1,2 ponto na comparação com agosto de 2021.

Conforme o levantamento, a procura pelo crédito direto no varejo pelas famílias de menor renda explica a alta do indicador, uma vez que, nos últimos 4 meses, o endividamento nos carnês para este grupo cresceu 1,8 ponto, alcançando 19,8%. No ano, o endividamento direto em lojas do varejo aumentou 0,7 ponto entre as famílias com até 10 salários de rendimento mensal e 3 pontos entre as consideradas mais ricas.

Lusciméia afirma que o verdadeiro fator que aumenta o endividamento e a inadimplência da população brasileira é a falta de educação financeira. “Por mais que a gente já tenha falado, as pessoas ainda têm baixo conhecimento sobre o impacto de um parcelamento excessivo. Elas fazem compras a prazo e olham mais a quantia do mês do que especificamente a capacidade que têm de quitação. Ou seja, não existe um método para entender o efeito que aquele compromisso financeiro vai gerar numa situação de desemprego ou mesmo de acúmulo. Se não investimos nessa estratégia de ajudar os consumidores a terem um controle financeiro, fica complicado eles se livrarem das dívidas”.

Inadimplência em alta

De acordo com o estudo, a inadimplência chegou ao maior percentual da série histórica iniciada em 2010. No mês de agosto, 29,6% das pessoas atrasaram o pagamento de contas de consumo ou de dívidas.

Entre as principais causas, segundo a pesquisa, está o fim das medidas de injeção de renda extra, como os saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

“A alta do volume de famílias com contas atrasadas deu-se nas duas faixas de renda pesquisadas, mas foi maior entre as de menor renda. Isso mostra os desafios que esses consumidores seguem enfrentando na gestão mensal de seus orçamentos”, afirma a economista da CNC responsável pela Peic, Izis Ferreira.

Em relação ao mês anterior, a proporção de famílias com atraso em contas ou dívidas avançou 0,6 ponto e, durante o ano, foram 4 pontos. Do total de inadimplentes, 10,8% afirmaram que não terão condições de pagar contas já atrasadas, permanecendo na inadimplência.

Felipe Correa, assistente administrativo, afirma que, por enquanto, não está inadimplente, mas a situação está difícil. “Estou há 2 meses endividado por causa do cartão e de empréstimo. E tenho tentado cortar gastos não necessários para quitar esses débitos”.

7 dicas para quitar as dívidas

1 – Se você possui diversos débitos, mas ainda não está inadimplente, cuidado! A situação é bastante preocupante, levante todos os valores e estabeleça uma estratégia para que continue adimplente. E, lembre-se, estar endividado nem sempre é um problema, a dificuldade é quando não se consegue pagar esse compromisso.
2 – Se já estiver inadimplente, antes de sair negociando, tenha total conhecimento de sua situação. Faça um diagnóstico financeiro, registrando o que ganha, o que gasta e conheça o seu verdadeiro eu financeiro.
3 – Faça um apontamento de despesas diárias, separado por tipo de gastos, durante os próximos 30 dias. Este é o caminho para que fique tudo mais claro, somente assim, poderá cortar e reduzir excessos.
4 – A portabilidade é uma das ferramentas para reduzir o endividamento, portanto procure por linhas de crédito mais baixas, porém, é importante frisar que isso não resolve a causa do problema. Você precisa dar um tempo nas compras e priorizar o que é mais importante, enquanto está no processo de desintoxicação financeira.
5 – Na hora de negociar, se for parcelar as dívidas, tenha certeza de que cabe no seu orçamento.
6 No seu planejamento de quitação dos débitos, priorize os que têm os juros mais altos, geralmente são os de cartão de crédito e cheque especial.
7 – Além de pagar as dívidas, procure guardar dinheiro para fazer as suas próximas compras à vista para obter desconto. Porque mesmo endividado, você tem que iniciar um projeto de vida para ser independente e sustentável financeiramente. E, não se esqueça, é preciso respeitar o dinheiro e entender que ele é um meio e não apenas um fim.