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Inadimplência bate recorde e atinge mais de 63 milhões de brasileiros

Número de inadimplentes teve crescimento de 8,70% em comparação a julho de 2021 / Foto: Reprodução/Internet

Manter as contas em dia e ter um equilíbrio financeiro não tem sido tarefa fácil para a maioria dos brasileiros. Isso por conta da economia combalida, taxa de desemprego atingindo 9,3% da população, inflação alta e diminuição da renda. De acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 4 em cada 10 brasileiros adultos (39,17%) estavam negativados em julho de 2022, o equivalente a 63,27 milhões de pessoas. O volume de consumidores com contas atrasadas cresceu 8,70% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Segundo a pesquisa, o setor credor que concentra a maior parte das dívidas é o de bancos, com 60,05%. Na sequência, aparece comércio (13,23%), água e luz (10,74%) e comunicação (8,88%).

A maior quantidade de inadimplentes está na faixa etária de 30 a 39 anos. São 15,72 milhões de pessoas deste grupo registradas em cadastro de devedores. Segue bem distribuída entre os sexos: 50,84% de mulheres e 49,16% de homens.

Em julho deste ano, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 3.638,22 na soma das pendências. Considerando todos esses débitos, cada inadimplente devia para cerca de duas empresas credoras. Quase 4 em cada 10 brasileiros (34,51%) tinham dívidas de até R$ 500, percentual que chega a 49,35% quando se fala de compromissos financeiros de até R$ 1 mil.

Na avaliação do presidente da CNDL, José César da Costa, a expectativa é de que o cenário de crescimento da inadimplência se mantenha no país. “Apesar da retomada do mercado de trabalho ter sido maior que o esperado, não há previsão de diminuição da inflação ou melhoria nas projeções de crescimento da economia do país. O número de inadimplentes está alto e, infelizmente, a probabilidade é que não paremos por aí”, afirma.

A cabeleireira Natália Silva teve de recorrer a um empréstimo por conta de despesas médicas. “Peguei o dinheiro e acertei o valor das parcelas mensais que pagaria. No entanto, me atrapalhei e acabei contraindo outras dívidas. Foi virando uma bola de neve a ponto de eu não conseguir quitar. Mês passado recebi um comunicado informando que a minha pendência já estava em R$ 6,5 mil. Tentei negociar, mas não houve acordo. Me deram um desconto de 30%, porém, teria que ser pago à vista”, salienta.

Ela conta que ficou com o “nome sujo” e com restrições de crédito. “Às vezes, as pessoas se atrapalham, mas não é porque elas querem. Eu consegui negociar num feirão o pagamento da dívida e o novo valor foi para R$ 3 mil. Isso porque os juros foram perdoados. Agora tenho sido mais cautelosa quanto aos meus gastos para não cair nessa cilada novamente”.

Saindo do vermelho

É comum não saber por onde começar para se ver livre de uma dívida. Para o economista e especialista em finanças Fernando Almeida, o primeiro passo é anotar todos os gastos mensais. “As despesas com água e energia, por exemplo, não dão para cortar, mas é possível economizar. Também evite compras supérfluas e só use o cartão de crédito se for realmente necessário. Isso porque os juros dessa modalidade são altíssimos e fazem a dívida ficar ainda maior”.

Ainda segundo o especialista, antes da pandemia, o número de inadimplentes já era elevado. “Com a inflação alta, desemprego e queda na renda das pessoas, a quantidade de endividados só vem aumentando. A cultura do brasileiro também é uma coisa que precisa ser mudada. Ele adquire contas sem saber se conseguirá ter o dinheiro para quitar. Não pensa numa possível emergência ou gastos extras e compromete o orçamento familiar”.

Ele orienta que o ideal é guardar uma parte dos ganhos, quando possível, para ter uma reserva financeira. “Evite compras supérfluas e o uso do cartão de crédito. Priorize o pagamento de financiamentos ou parcelas de empréstimos. O consumidor também pode entrar em contato com o credor para buscar uma renegociação. Veja como está sua vida financeira e calcule o quanto de dinheiro pode ser direcionado ao pagamento da dívida”, conclui.

Você sabia ?

Os economistas consideram endividamento qualquer compromisso financeiro que uma pessoa adquire e a inadimplência é quando ela não consegue quitar essas contas pendentes