O candidato ao governo de Minas, Carlos Viana (PL), que aceitou participar da disputa deste ano, teria recebido uma sinalização positiva da assessoria do presidente Jair Bolsonaro (PL), especialmente do senador Flávio Bolsonaro (PL), com quem, ao longo dos 3 anos, nutriu uma convivência harmônica ao ponto de se tornar vice-líder do governo no Senado.
Contudo, agora que o jogo da sucessão minera tem sido jogado, entram em cena outras vozes, talvez sob a concordância, mesmo que discreta do filho Carlos Bolsonaro (Republicanos), verbalizando pedidos de diferentes membros do grupo de Minas, evitando demonstrar apoio explícito do presidente à campanha de Viana.
“Assim, a adesão formal de Bolsonaro ao projeto eleitoral do senador mineiro foi muito aquém do necessário para fazer a campanha de Viana decolar”, dizem os especialistas no assunto. Houve apenas uma demonstração sobre o tema, mas não existe, até agora, uma estrutura forte, visando abrir caminhos para o trabalho do representante do PL caminhar nas diferentes regiões do estado. Quando esteve em Belo Horizonte, semana passada, Bolsonaro levantou a mão, apoiou o político estadual, mas, no mesmo dia, e por pressão de outros parlamentares, especialmente o deputado estadual Bruno Engler (PL) e seu colega, o deputado coronel Sandro, o seu nome sequer foi citado durante o ato público na Praça da Liberdade.
Diante dessa realidade, e na opinião de pessoas balizadas da política mineira, o candidato presidenciável está jogado com suas próprias cartas: tenta turbinar o projeto de Viana, mas de olho nos próximos acontecimentos, afinal, ele não poder perder um possível apoio do governador Romeu Zema (Novo) no segundo turno.
Agindo como se estivesse tudo bem, Viana continua com sua agenda política movimentada, inclusive bem recebido entre os evangélicos e, também, com preponderante aceitação no que se refere ao eleitorado do Norte de Minas, região por onde ele tem circulado desde o ano passado.
Terceira via
Diante de um quadro complexo, dúbio e eivado de contratempo, os cientistas políticos fazem avaliação sobre o contexto em outra direção. Por exemplo, caso Viana conquiste algo em torno de 12% dos votos dos mineiros, como uma opção da denominada terceira via, pode levar a disputa ao governo de Minas para um segundo turno.
Nos próximos dias, há possibilidade de aparecer nos horários eleitorais gratuitos de rádio e TV, mensagens de Viana com o candidato ao Senado, Cleitinho Azevedo (Cidadania), um parlamentar inteiramente engajado nas redes sociais.
Mas não fica só nisso. Nos bastidores consta que já está havendo um intenso trabalho do senador para receber a sinalização positiva da ala ideológica dos bolsonaristas em Minas, especialmente dos políticos com mais ligações à fração da segurança pública, pois eles são influentes nas articulações e nos votos, e, como é sabido, é nítida a preferência da bancada da “Bala” pelo bolsonarismo.
Na prática, o Planalto está usando o parlamentar Viana como uma espécie de tubo de ensaio, pura interpretação política neste jogo que é de profissionais.