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Pesquisa mostra consumo nacional menor que o esperado para 2022

Muitos são os fatores que tem levado a população a gastar menos | Foto: Reprodução/Internet

Aquém das expectativas, o consumo das famílias deve movimentar cerca de R$ 5,6 trilhões ao longo deste ano no Brasil, o que representa um aumento real de 0,92% em relação a 2021, a uma taxa positiva de 0,42% do Produto Interno Bruto (PIB). Diante disso, o levantamento mostra como o perfil empresarial brasileiro foi afetado com o fechamento de mais de 1,1 milhão de empresas de 2021 para cá.

Com uma pequena contenção, o Sudeste continua liderando o ranking das regiões, respondendo por 49% do consumo nacional. Enquanto isso, o Nordeste volta a ocupar o segundo lugar, ampliando sua representatividade para 18,2%. Já, o Sul que, havia crescido na pandemia, regrediu para 17,9%. Assim como no ano passado, o quarto lugar segue ocupado pelo Centro-Oeste, reduzindo sua fatia para 8,5% e, por último, vem o Norte, que ampliou sua atuação para 6%.

Marcos Pazzini, responsável pelo IPC Maps, explica que o desempenho do potencial de consumo em 2022 trazia uma expectativa de, ao menos, recuperar as perdas sofridas há 2 anos. “Em 2020, o Brasil perdeu 6,5% em valores de potencial de consumo; em 2021 cresceu 4,5% e, em 2022, esperava-se ao menos a recuperação dos 2% perdidos. Porém, como é ano eleitoral, Copa do Mundo e, ainda, tem o confronto entre Rússia e Ucrânia, este ano nos trouxe uma inflação global. Sendo assim, a expectativa de crescimento do consumo é de 0,92%, o que fará que os brasileiros tenham um montante de R$ 5,64 trilhões”.

Ele acrescenta que o principal fator para esses números é o desemprego e a consequente perda de renda. “O governo federal tem adotado algumas ações para fazer com que a população de classes sociais mais baixas tenha acesso à renda por meio dos seus programas sociais, mas isso atinge apenas uma parte dos cidadãos. Faltam ações para melhorar as ofertas de empregos e de renda para o restante, bem como para alavancar o crescimento da economia e fazer com que o país consiga crescer em percentuais maiores”.

Segundo ele, esse cenário trará consequências. “O principal deles é a retração econômica, pois quanto menor o valor destinado ao consumo, maior é o peso das despesas básicas, como habitação, alimentação, remédios, transportes, etc. O baixo orçamento da população com as necessidades básicas compromete o gasto com itens de outras categorias, o que afeta diretamente o comércio. Entre 2021 e 2022 foram fechadas 573.624 empresas deste setor”.

A economista Gabriele Couto aponta que isso também pode gerar uma estagflação. “Pode ser que o PIB não cresça e, acompanhado de uma inflação alta, acabe gerando o fenômeno. Sem contar que esse baixo consumo gera um ciclo. Se o empresário entender que as pessoas não estão consumindo, ele segura a produção, o que resulta em queda de investimentos e poucas contratações, podendo provocar desempregos e outros impactos negativos”.

Por isso, segundo ela, é importante voltar o olhar para a produtividade. “Para melhorar esse panorama e incentivar o consumo é preciso desburocratizar. Ou seja, facilitar os impostos, leis de contratação e de abertura de empresas, etc. Quando você desburocratiza o mercado, aumenta o número de organizações, concorrência, produtividade e contratações”.

Pazzini aponta outra solução: colocar mais dinheiro no bolso da população. “Veja, por exemplo, quando um item tem seu preço reduzido – como é o caso de alguns produtos alimentícios que tiveram altas expressivas nos últimos meses e, agora, começam a baixar o preço -, o consumidor acaba consumindo-os quase que imediatamente. Portanto, a população tem de ter mais capital e isso depende de mais empregos. Além disso, os valores precisam estar mais controlados, sem o sobe e desce que temos verificado”.