Abrir o próprio negócio tem um custo alto de investimento e envolve diversas despesas. Como uma solução alternativa e econômica a esse cenário, profissionais freelancers, pequenas empresas ou até mesmo autônomos, investem nos coworkings como opção para tirar suas ideias do papel. A lógica é compartilhar o ambiente de trabalho e recursos de um escritório entre os frequentadores para tornar os custos mais acessíveis. Dados do Censo da Associação Nacional de Coworking e Escritórios Virtuais (Ancev) de 2021 apontam que o mercado engloba 1.647 coworkings ativos no Brasil. Minas Gerais aparece em segundo lugar no ranking, com 123 espaços, ficando atrás apenas de São Paulo, que tem 531.
Para a analista de finanças e proprietária de um ambiente coworking, Amanda Neves, a pandemia da COVID-19 trouxe prejuízos para diversos setores. “Com o mercado de espaços compartilhados a situação não poderia ser diferente. “O home office ficou ainda mais popularizado no início de 2020 como uma das primeiras medidas para conter a disseminação do vírus. Em média, o mercado perdeu 53% do faturamento durante o auge da quarentena”, explica.
Segundo ela, a recuperação teve início somente em 2021, quando o mercado começou a dar sinais da migração dos escritórios tradicionais para os espaços de coworking. “O trabalho híbrido fez as empresas enxergarem essa modalidade como benéfica, afinal, funcionários podem exercer as tarefas em casa, no escritório ou em qualquer outro lugar. Nesse cenário, os espaços compartilhados ganham ainda mais força”.
Ela acrescenta que os empreendimentos que desejam sobreviver precisam manter estratégias promocionais alinhadas com as tendências para coworking. “Um dos passos importantes é oferecer tecnologia e infraestrutura aos seus colaboradores. As empresas estão investindo em ambientes mais abertos, espaçosos, com áreas verdes e contratos mais flexíveis para ampliar o seu público-alvo. Além disso, estão apostando na criação de novos nichos, como espaços exclusivos para pais, femininos, cozinhas compartilhadas, coworkings para TI ou para consultórios médicos e odontológicos”, afirma.
Adepto ao coworking há mais de 3 anos, o cabeleireiro especialista em corte e pintura Danilo Linhares conta que não se arrepende de ter desfeito do seu próprio salão. “Eu estava tendo um custo muito alto para manter as portas abertas. Tinha mês que quase não sobrava dinheiro, pois o valor ia todo para pagar contas e comprar insumos”, lembra.
O que mais chama atenção do cabeleireiro é a facilidade e lucratividade desse modelo. “Eu pago uma taxa por dia de uso do espaço, mas, mesmo assim, está sendo melhor. Normalmente, vou duas a três vezes por semana, dependendo da quantidade de clientes que tenho. É compensatório, porque além do salão ficar no Centro, oferece uma grande infraestrutura, com recepção, banheiro e local para guardar pertences. Não preciso nem me preocupar com limpeza, contas de água, energia, telefone e internet, pois tudo está incluído na taxa”.
No mesmo salão onde Danilo trabalha, a maquiadora Elisa Rodrigues também encontrou no coworking uma forma de alavancar seus serviços. “Atendia em casa ou visitava o cliente. O problema é que moro em um bairro distante do Centro e nem sempre tinham disposição de ir até mim ou a iluminação na casa das pessoas não era a mais adequada. Sem falar que eu precisava ficar carregando todo meu material e perdia tempo com deslocamento”.
Para Elisa, essa modalidade de trabalho traz diversas vantagens. “Uma delas é ter um ponto fixo onde seus clientes podem achá-la. O local também é bem espaçoso e tem recepção para aguardarem atendimento. Outro ponto é que, por ser um espaço compartilhado, é bom para conquistar novos clientes. Aqueles que vão fazer unha, cabelo ou qualquer outra coisa, acabam conhecendo meu serviço. Estou faturando quase o dobro de quando trabalhava sozinha. Parte do lucro que tenho invisto em cursos de aperfeiçoamento”, afirma.
No ramo da psicologia também é possível encontrar coworking, como é o caso de Marília Fernandes. Formada a um ano e meio, ela conta que não conseguiu montar seu próprio escritório para atendimento. “Locação de sala comercial gira em torno de R$ 2 mil, fora outros custos extras. Esses gastos pesam no bolso para quem está começando, sem falar que não tem muitos clientes ainda. Esse modelo de coworking é ótimo nesse sentido de dar o pontapé inicial no seu projeto a um preço mais justo”.
Marília explica que no escritório compartilhado onde trabalha há vários preços para locação. “Se for um plano mensal custa cerca de R$ 600. Eu optei por pagar a diária que sai por R$ 50. Uso o local três vezes na semana das 8h até às 19h. Tem sido maravilhoso, pois tenho meu cartão de visitas, um bom espaço, bem localizado e recepção. Também consigo ter colegas de profissão perto de mim, o que é bom para compartilhar experiências”, conclui.