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Itens de festa junina estão até 150% mais caros na capital

Mandioca é o item cujo preço teve maior aumento | Foto: Carla Nichiata/ThinkStock

Uma pesquisa feita pelo Mercado Mineiro apontou que o preço de alguns produtos típicos de festa junina subiu em até 150% em Belo Horizonte. A comparação é de 2022 com os valores pré-pandêmicos de 2019. A análise foi feita em seis redes de supermercados, entre os dias 2 e 5 de maio.

O quilo da mandioca foi o que apresentou um crescimento mais expressivo, saindo de R$ 2,63 – em maio de 2019, e indo para R$ 6,58, ou seja, um aumento de 150%. Em seguida veio o milho de pipoca. O item da marca Yoki de 500g custava R$ 3,26 e foi para R$ 7,09. Já o da marca Pink apresentou alta de 104%, subindo de R$ 2,14 para R$ 4,38.

A canjica branca também registrou aumento acima de 100%. O preço médio de 500g da marca Pink custava R$ 2,90 e passou para R$ 4,63, 101% mais caro. Com alta de 85%, o amendoim torrado da marca Pink, 500g, elevou de R$ 6,92 para R$ 12,86. Já o pé de moleque ou doce de amendoim Yoki, ambos de 396g, custavam R$ 9,94 e foram para R$ 18,49, uma ampliação de 86%.

Por fim, o quilo da espiga de milho subiu de R$ 5,39 para R$ 8,24, um avanço de 52%. A rapadura de 500g aumentou de R$ 6,15 para R$ 8,99, alta de 46%. Com crescimento de 41%, o feijão preto de 1kg passou a custar R$ 8,94, sendo que, em maio de 2019, era encontrado por R$ 6,30.

Para o economista e gestor do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, a pandemia foi a principal causadora desses acréscimos que irão impactar no consumo. “Todo mundo tem priorizado itens de primeira necessidade, logo, um doce ou caldo ficarão de fora da lista de supermercado. As comidas típicas vendidas em festas e bares também estarão mais caras, o que pode inibir a compra pelas pessoas”.

O economista Carlos Lopes explica que a alta dos produtos alimentícios está além dos itens de festa junina. “Isso é fruto de um processo inflacionário que ocorre a nível nacional e mundial. Inúmeros são os fatores como a retomada do consumo pós-pandemia, que pressiona a oferta dos bens e serviços disponíveis, bem como a inflação de custos produtivos em razão da crise energética mundial”.

Ele acrescenta que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia também reverberou nesse avanço. “Esses dois países são importantes produtores de petróleo, fertilizantes agrícolas, trigo, milho e etc, cujos preços estão inflados, comprimindo toda a cadeia produtiva. Dessa forma, os valores dos produtos têm sofrido alta”.

A economista Vaniria Ferrari conta que, aliada a essa ampliação do custo, existe ainda uma demanda reprimida. “As pessoas estão com necessidade de ir a festas, uma vez que faz 2 anos que não celebramos essa época do ano. Isso irá aumentar a demanda e, se a oferta não acompanhar, pode gerar uma alta nos preços”.

Por isso que, para não estourar o orçamento, é preciso atenção. “É importante que as pessoas tentem adaptar o que tem, pois, seguir o tradicional poderá pesar no bolso. Neste sentido, todos precisamos buscar alternativas”, ressalta Vaniria.

É o que tem feito a aposentada Dilma dos Santos. Avó de 7 netos, ela sempre tenta fazer uma festinha em casa. “Virou uma tradição na pandemia. As crianças estavam chateadas por não poderem comemorar. Como somos todos vizinhos, decidimos fazer uma pequena resenha temática em 2020. Foi pura diversão. E, em 2021, repetimos o feito e este ano queremos fazer o mesmo”.

Para dar conta, a família tem dividido os custos da festa e recalculado o orçamento. “Vamos fazer aperitivos mais baratos e fracionar os gastos com todo mundo. Dessa forma, fica fácil para todos arcarem com as despesas. Além disso, comecei a comprar alguns produtos não perecíveis com antecedência, já prevendo que os aumentos seriam gradativos e maiores este mês”, conclui.