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Cigarro eletrônico pode causar graves complicações em usuários

Apesar da propaganda proibida, apetrecho é popular entre os jovens | Foto: Pixabay

Apesar de sua comercialização, importação e propaganda serem proibidas no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009, os cigarros eletrônicos ou vapes se popularizaram, principalmente entre os jovens. Embora tenham sido introduzidos no comércio como uma alternativa para os cigarros convencionais, ainda não há estudos que comprovem a eficiência contra o tabagismo ou mesmo a segurança do uso.

Desde que foram lançados, eles já passaram por quatro gerações, os primeiros sendo descartáveis, os segundos tendo cartuchos que poderiam ser recarregáveis, os terceiros que tinham um refil com tabaco para proporcionar satisfação parecida com o cigarro tradicional e os mais recentes que possuem formato de pen drive e contém sais de nicotina e outras substâncias diluídas em líquido.

Em dezembro de 2016, a Organização Pan-Americana da Saúde/ Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) lançaram uma cartilha que reúne informações sobre a composição e os prejuízos à saúde e, também, a respeito do papel destes produtos na redução de danos e no tratamento da dependência de nicotina.

Para o cardiologista Eduardo Nolla, o vape não é substituto para o cigarro tradicional. “Alguns estudos, de fato, tentam usá-lo como uma forma de desmame, porém são pesquisas iniciais. Até porque, em algumas pessoas, essa alternativa é a ‘porta de entrada’ para o cigarro”.

Segundo ele, os vapes que não possuem nicotina ainda apresentam elementos maléficos ao organismo e o uso excessivo pode causar complicações cardiovasculares. “Existem outras substâncias que provocam danos à saúde, como o propilenoglicol. Até mesmo contaminantes podem estar presentes, principalmente pela falta de fiscalização na produção. A inalação exagerada causa lesões nas artérias do coração, ocasionando infarto agudo do miocárdio”.

Além do coração, o cigarro eletrônico pode acarretar problemas também no pulmão. O pneumologista Marcelo Chagas cita quais doenças podem surgir. “Enfisema, câncer pulmonar, alterações fibróticas, câncer de mama, de tireóide, de pâncreas e envelhecimento precoce”. Ele acrescenta que existem essências que, comprovadamente, geram malefícios, inclusive irreversíveis, como a fibrose e outros tipos de modificações que predispõem infecções pulmonares.

Chagas conta que algumas doenças causadas pelo vape podem se manifestar mais rapidamente no pulmão. “Isso acontece porque além da nicotina, existem outras substâncias presentes nas essências que podem desencadear processos autoimunes e alérgicos que geram malefícios graves de forma aguda”.

Em março deste ano, o bancário Allan Douglas, 30, ficou internado após ter o pulmão perfurado pelo uso do cigarro eletrônico. Em seu perfil no Twitter, ele publicou um alerta para seus seguidores. “3 dias na UTI intensiva, graças ao ‘cigarro eletrônico’, que perfurou meu pulmão, entrando água e o fragilizando. Aqui estou há 8 dias, no hospital, me recuperando desse pesadelo. Não queira passar o que passei, foi uma lição de vida, alerte seu amigo. Ame-se”.

Outro caso recente é o da rapper Doja Cat que, no último mês, teve que passar por uma cirurgia nas amígdalas após uso excessivo de vape e álcool. “Minhas amígdalas apresentaram uma infecção e eu estava tomando antibióticos, mas esqueci e, então, bebi vinho e usei ‘vape’ o dia todo. Comecei a ter um crescimento desagradável nas amígdalas e fiz uma cirurgia hoje”, publicou a artista também em seu perfil no Twitter. Em outras postagens, ela explicou que as substâncias penetraram em sua ferida aberta na garganta, o que a levou à piora e à cirurgia.