Assim como a gasolina e o diesel, que tiveram aumento para as distribuidoras anunciado pela Petrobras neste mês, o gás de cozinha também teve reajuste de 16,1% no preço. O quilo do GLP que antes era comercializado por R$ 3,86 passou a custar R$ 4,48. A última alteração no custo do insumo havia ocorrido em outubro de 2021. A notícia causou preocupação e levou as pessoas a correrem para as distribuidoras a fim de garantir a compra do botijão no valor antigo. O setor de restaurantes é mais um que se prepara para as mudanças provocadas por essa majoração.
Em nota, a Petrobras informou que o aumento, por enquanto, não se deve ao conflito entre a Ucrânia e a Rússia. “Apesar da disparada dos preços do petróleo e seus derivados em todo o mundo, nas últimas semanas, como decorrência da guerra, a Petrobras decidiu não repassar a volatilidade do mercado de imediato, realizando um monitoramento diário dos custos de petróleo. Após serem observados valores em patamares consistentemente elevados, tornou-se necessário o reajuste dos preços de venda às distribuidoras para que o mercado brasileiro continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento”, afirmou.
O gás de cozinha teve um aumento de 23,2% nos últimos 12 meses, entre março de 2021 e março de 2022, segundo levantamento da CNN, com base em dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A alta do produto supera, inclusive, o acumulado dos últimos 12 meses da inflação, que já chegou a 10,54%, de acordo com divulgação mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na avaliação do economista Fernando Almeida, o reajuste impacta grande parte dos consumidores, principalmente, para as famílias em vulnerabilidade social. “É um valor alto, sem falar nos outros gastos com energia, água, transporte, alimentação, que também são itens que subiram nos últimos meses. O botijão tem custado entre R$ 100 e R$ 130, o que representa 10,7% do salário mínimo”.
Já o setor de restaurantes deve repassar o aumento para o cliente, segundo Almeida. “O gás é um insumo básico para quem lida com preparo de alimentos. Os estabelecimentos podem tentar buscar outros fornecedores ou ficar com a margem de lucro reduzida. Mas o cenário mais provável é repassar o acréscimo aos consumidores”.
Cardápio mais caro
Claudio Duarte é proprietário de um self-service. Ele ainda não comprou o produto com o novo valor, mas já espera pagar cerca de R$ 20 a mais em cada unidade. “Nós gastamos em média 15 botijões todo mês. Fazendo uma conta rápida são pelo menos R$ 300 que terei que desembolsar por conta do reajuste. Acredito que devemos ter uns 3% de aumento no preço das refeições até o fim deste mês”.
A empresária Amanda Santos é gerente de uma padaria e também está preocupada com o valor do gás. “Esse reajuste atrapalha a gente. Muitos dos nossos produtos também terão aumento de pelo menos 5%, como é o caso dos pães e bolos. Temos adotado medidas para economizar ao máximo a utilização do gás. Só ligamos o forno se ele estiver totalmente cheio de formas para assar. Antes, ligávamos com menos itens e gastávamos um pouco mais”, conta.
Alexandre Lacerda é dono de um restaurante e afirma que os custos do cardápio terão que ser atualizados. “Não só por conta do preço do gás, mas também pelos insumos alimentícios usados no estabelecimento. Nossas compras mensais saltaram R$ 400 e estamos gastando quase R$ 1 mil com botijão. Esperamos um acréscimo de até 10% nas refeições. Eu creio que as vendas devem continuar aquecidas no mercado, afinal, ninguém deixa de comer”.