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Renovação política chega aos grandes municípios

A onda de renovação na política foi a maior de todos os tempos, de acordo com os dados registrados após a conclusão do pleito eleitoral deste ano. Na realidade, tudo começou com a não eleição do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), mas este efeito cascata tende a chegar aos municípios, dizimando antigas lideranças políticas.

Em Minas, aquela cena na qual o coronel manda a família e os amigos votarem em seus correligionários pode ser uma vaga lembrança do passado. Hoje é comum o filho sequer consultar o pai em quem vai votar, valendo a liberdade de pensamento, sobretudo depois da presença dos debates ocorridos nas redes sociais.

Lideranças abaladas
Durante mais de uma década, a família do Sebastião Quintão dominou os meandros da política em Ipatinga, no Vale do Aço. Porém, apesar de se tratar de uma família abastada, a liderança do patriarca está abalada por razões relacionadas à justiça. Sebastião viu o seu filho Leonardo Quintão perder uma reeleição para deputado federal, cuja derrota causou surpresa a todos os operadores do sistema eleitoral mineiro.

Ainda na mesma região, é preciso registrar a situação do veterano político Bonifácio Mourão (PSDB). Por várias vezes prefeito de Governador Valadares, deputado de cinco legislaturas, acabou perdendo uma vaga nesta eleição, ao ser preterido pelo eleitor do Vale do Rio Doce. Deste modo, a Assembleia deixa de ter na Casa um dos parlamentares mais preparados para debater assuntos complexos, sobretudo por seu tribuno sem igual.

Isso demonstra que as lideranças mais antigas, como a do prefeito de Uberaba, Paulo Piau (MDB), estão ameaçadas. A percepção na tentativa de buscar o novo, uma vontade legítima da população, pode registrar surpresas também naquela cidade na próxima eleição.

No município de Uberlândia, o comando sempre positivo do prefeito Odelmo Leão (PP) não funcionou a contento: sua esposa, Ana Maria Junqueira, se candidatou a deputada federal e não saiu vitoriosa. Segundo informações preliminares, essa seria a primeira vez em que um projeto chefiado por ele não conquistou resultados plenos. Traduzindo: daqui a 2 anos, caso ele dispute a reeleição, tudo pode acontecer, inclusive o surgimento de novas opções vindas de setores não tradicionais, como tem acontecido no resto do Brasil.

Também em Montes Claros, cuja prefeitura é administrada por Humberto Souto (PPS) começa a acontecer uma espécie de cansaço em relação ao estilo dele de governar. De fato, parece que ele colocou ordem na Casa assim que assumiu o comando do município, mas a turma mais jovem, segundo informações colhidas, tinha uma expectativa maior em relação as ações do prefeito.

Mas em toda regra há exceção: Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, confirma a tese. Vitor Penido (DEM) voltou a comandar o município, pela quinta vez, depois de ter passado pela Assembleia Legislativa e Câmara Federal. Porém, ele terá dificuldades de tratar de sua própria sucessão, pois não pode mais se candidatar pelo fato de exercer o segundo mandato consecutivo. Assim, a sucessão do atual prefeito já é debatida nas rodas de conversas sobre política. Contudo, Penido, que também é presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Granbel), evitar falar sobre o assunto.