O Pix, sistema de pagamento instantâneo do Banco Central (BC), já é usado por 71% dos brasileiros. A taxa de aprovação também aumentou nos últimos 12 meses e chega a 85%, conforme pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Esse índice entre os jovens (18 a 24 anos) é de 99%, patamar semelhante à faixa etária seguinte (25 a 44 anos), com 96%. O fato é que a modalidade revolucionou a forma como consumidores compram produtos e serviços.
A maior resistência para usar o Pix é entre os indivíduos de baixa renda e os de menor escolaridade, mas, ainda assim, em patamares de adesão superiores a 50%. Dos que têm até o ensino fundamental, 53% utilizam o pagamento instantâneo, enquanto no grupo de pessoas com renda de até dois salários mínimos, a taxa de aceitação é de 64%.
Para o economista e especialista em gestão financeira Fernando Matos, o Pix veio para rivalizar com o pagamento por cartões de débito e dinheiro em espécie, tentando se consolidar como o principal meio utilizado pelos brasileiros. “Ele também é uma alternativa gratuita ao DOC/TED, que costumam cobrar tarifas entre R$ 10 a R$ 20 por transação. A economia para os consumidores foi algo muito bom nesses mais de um ano de funcionamento. No início, houve certa desconfiança, talvez pela forma como funcionava, mas rapidamente foi absorvido pela população”, disse.
Mensalmente, o Pix tem movimentado cerca de R$ 550 bilhões em volume médio. São mais de 110 milhões de cadastrados, sendo 104 milhões pessoas físicas e quase 8 milhões pessoas jurídicas.
A esteticista Patrícia Neves é adepta e usa a modalidade em sua clínica. “Quando surgiu imaginei que não seria tão seguro e não aderi. Mas muitos clientes me perguntavam sobre essa forma de pagamento. Pesquisei bastante e resolvi criar uma chave usando o CNPJ. Hoje em dia, cerca de 60% das pessoas que atendo utilizam esse sistema e me enviam o comprovante. Foi a melhor coisa que fiz e que me gerou economia com as taxas cobradas pela maquininha de cartão”.
Quem também usa o serviço é o estudante Ricardo Pereira. “Utilizo o Pix para quase tudo. Chego ao estabelecimento e já vejo se aceitam ou se tem algum QR Code para facilitar. Acho bem seguro e nunca tive problemas, inclusive, fui salvo uma vez. Pedi uma corrida por um aplicativo de transporte e achei que tivesse colocado o cartão como forma de pagamento. Chegando ao destino, não tinha como alterar e também não havia caixa eletrônico para sacar. Fiz um Pix para o motorista e resolvi o problema”, relembra.
Segurança contra golpes
Entre as pessoas ouvidas na pesquisa da Febraban, 22% afirmaram já ter sido vítimas de golpes ou tentativa de fraude. Já entre os mais velhos, acima de 60 anos, esse percentual sobe para 30%. Aqueles que sofreram tentativas de golpes, 69% disseram que nunca caíram na armadilha. A fraude reportada como mais comum pelos entrevistados (48%) foi a tentativa de clonagem do cartão ou troca de cartão.
Desde outubro de 2021, o BC vem implementando um pacote de ações para a prevenção de fraudes na prestação de serviços de pagamento. O valor de transferência das 20h às 6h foi limitado em R$ 1.000. Também há uma medida extra de proteção: transações suspeitas podem ser retidas pelos bancos ou instituições financeiras por 30 minutos durante o dia e por 1 hora no período da noite.
Na avaliação de Matos, a medida traz mais segurança aos usuários. “Dizem que é instantâneo e quando o dinheiro cai na conta do destinatário não há mais o que fazer. Agora, caso aconteça algum golpe, a pessoa pode entrar em contato com o banco dentro do prazo e reverter a operação. Mesmo assim, acredito que muita coisa ainda precisa ser feita. Poderia ter um mecanismo de dupla checagem antes de a transação ser efetivada e pensar em soluções no sistema das instituições para impedir contas suspeitas de receber o dinheiro”, conclui.