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Mineira supera câncer raro e vence Miss Brasil Internacional

Lorena foi obrigada a adiar o sonho de participar de um concurso de miss por conta da doença, mas não desistiu de lutar pelos seus sonhos

A mineira Lorena Arianne Rodrigues Soares sempre gostou do mundo da moda e fez seu primeiro curso e seletiva para agência de modelos ainda com 13 anos. Ela decidiu adiar essa aspiração para priorizar os estudos e ingressou na faculdade de direito. Em 2018, logo no fim da graduação, outro obstáculo no seu caminho interrompeu mais uma vez seus sonhos. Foi diagnosticada com linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer de sangue raro e já em estado grave, com metástase nos dois pulmões. Lorena lutou bravamente para vencer a doença e retomar seus planos, se tornando inspiração para muita gente.

Os primeiros sinais da patologia apareceram em 2017, com uma coceira intensa no corpo. “Procurei dermatologistas e fiz tratamentos com antialérgicos, mas nada dava resultado. Com o tempo, surgiu uma sudorese noturna e dificuldade para respirar. Em abril do ano seguinte, comecei a ter uma dor muito forte no peito e tosse. Após uma tomografia com contraste, o médico disse que poderia ser um câncer e meu estado era crítico”, conta.

Ela foi transferida para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Belo Horizonte, onde ficou 21 dias. No dia da biópsia, a jovem precisou ser entubada porque estava com a respiração muito fraca. “Quando acordei, me contaram que quase tive uma parada cardíaca. O resultado do exame foi o linfoma em estado avançado. Fui levada para outro hospital para começar o tratamento com quimioterapia. Após 15 dias da primeira sessão, meus cabelos começaram a cair”, lembra.

O corpo respondeu bem ao tratamento e a doença estava em remissão completa, mesmo assim, Lorena precisou se submeter a um transplante de medula óssea. Após o procedimento, um novo percurso difícil se iniciou em sua vida. “Tive sepse grave, uma infecção generalizada que se iniciou pela entrada de três bactérias pelo cateter. Fui para a UTI mais uma vez, com o organismo sem defesa nenhuma e debilitado devido aos 13 dias de alimentação exclusivamente parenteral. Naquele dia, vivi um verdadeiro milagre”.

A medula “pegou” cerca de 13 dias depois do transplante. Era o começo do fim da sua jornada contra o câncer. Lorena viu uma chance de finalmente realizar o sonho que havia sido adiado: o concurso Miss Brasil Internacional. “Fiquei um pouco insegura de participar, devido ao pouco tempo para preparação. Mas resolvi encarar como um aprendizado e uma superação”, diz.

Em outubro de 2021, a jovem conquistou o Miss Minas Gerais Internacional homenageando a Estrada Real. Com o feito, disputou em novembro o Concurso Nacional no Espírito Santo, no qual ganhou o Miss Brasil Internacional 2021. Agora, Lorena se prepara para representar o Brasil na etapa Internacional do concurso, Miss Supertalent World, que acontecerá em março de 2022, em Paris, na França.

Pela visibilidade que sua história de superação alcançou nas redes sociais, passou a ser uma referência de inspiração e motivação para pessoas que estão em tratamento de câncer. Lorena acumula mais de 63 mil seguidores no Instagram. “Renasci depois de quase perder a vida. Hoje, consigo enxergar o que realmente tem valor e busco viver cada dia intensamente”, finaliza.

Uma das coisas que mais incomodam algumas mulheres em tratamento do câncer é a perda dos cabelos. Para a psicóloga Mariana Lopes, o período pode assustá-las, afinal, os fios longos são simbólicos para a sociedade e uma expressão da feminilidade. “Essa queda mexe com aspectos psicológicos, mas é um momento transitório. Algumas preferem usar peruca ou um lenço na cabeça para se sentirem bem. O importante é se fortalecer para vivenciar a experiência da melhor forma possível e entender que todas são bonitas de qualquer maneira”.

O médico oncologista Leonardo Barbosa explica que o linfoma não-Hodgkin (LNH) é um tipo de câncer que tem origem nas células do sistema linfático e que se espalha de maneira não ordenada. O sistema linfático faz parte do sistema imunológico, que ajuda o corpo a combater doenças. Como o tecido linfático é encontrado em todo o corpo, o linfoma pode começar em qualquer lugar.

Ele diz que a doença pode ocorrer em crianças, adolescentes e adultos e ainda não se sabe os reais motivos para o seu surgimento. “O LNH pode atingir linfonodos e órgãos fora do sistema linfático, sendo os locais mais frequentes medula óssea, trato gastrointestinal, nasofaringe, pele, fígado, ossos, tireoide, sistema nervoso central, pulmão e mama”, completa.

Barbosa esclarece que as células cancerígenas se desenvolvem com muita rapidez e os medicamentos quimioterápicos para o câncer são desenvolvidos para atingir especialmente as células que apresentam reprodução rápida. “Os folículos pilosos também se multiplicam rapidamente. E, por isso, são mais atingidos pelos remédios, ocasionando a queda dos cabelos e também dos pelos do corpo. Normalmente, os cabelos começam a cair entre 14 e 21 dias após o início da quimioterapia. E nascem novamente em torno de 90 dias depois do término do tratamento”, conclui.