Estima-se que 90% da carga viral esteja localizada no nariz e vias aéreas superiores. Por isso, higienizá-lo é essencial para a saúde. Entretanto, uma pesquisa realizada pela Xlear constatou que os brasileiros não estão cientes dessa informação. Enquanto 96% lavam a mão mais de uma vez por dia, apenas 40% tem o mesmo hábito em relação às narinas.
Os dados ainda mostram que 33% dos brasileiros acreditam que lavar esse órgão seja menos importante para higiene e proteção contra infecções virais, número bem maior se comparado ao de lavar o rosto (19,83%) e as mãos (4,33%).
Já uma pesquisa feita pela plataforma Toluna Insights aponta que somente 9,5% dos brasileiros acreditam que o nariz é o ponto mais propenso a infecções no corpo. Quase metade deles (47%), veem as mãos como o local com maior disseminação de infecções. Em seguida vêm a boca (28%) e unhas (18%). As únicas duas partes consideradas menos importantes do que as narinas foram a genitália (5%) e o estômago (2,3%).
O pneumologista Gustavo Ferrer explica que a limpeza deve ser feita com sprays balanceados de xilitol e soro fisiológico. “Eles limpam e reduzem a fixação do vírus e bactérias no local”. Para ele, o fato de poucas pessoas darem atenção à higiene nasal, se deve a falta de informação. “A maioria dos profissionais de saúde, legisladores e educadores não falam sobre o hábito e como essa prática pode prevenir doenças. Durante a pandemia, as pessoas descobriram a importância de limpar as mãos e temos que fazer o mesmo com o nariz”.
Ele acrescenta que foi preciso muito estudo para se compreender a importância da higienização das mãos, por exemplo. “Foram quase 150 anos. O mesmo aconteceu com a prática de escovar os dentes e usar enxaguante bucal, tema que foi discutido por décadas. Sendo assim, o conceito de higiene nasal ainda é novo. Contudo, a ideia é simples, faz sentido e está ganhando força à medida que as pessoas veem os benefícios”.
O especialista explica que o nariz é a principal porta de entrada para vírus e bactérias. “É por ele que esses organismos atacam e entram em nosso corpo. Lá se instalam e depois se espalham para outros lugares. Ao fazermos a higiene, podemos evitar que se movimentem das vias aéreas superiores para as inferiores causando mais danos à saúde. Nosso nariz e vias aéreas superiores têm ótimos mecanismos de defesa que nos protegem, mas a lavagem se torna um auxílio a mais”.
Foi por ter muitas crises alérgicas que a contadora Beatriz Nogueira decidiu procurar um alergista. Ela conta que sempre espirrava muito, tinha coriza e uma sensação de peso. “Ele sempre ficava vermelho, chegava a ferir de tanto que eu soava por causa da coriza. Procurei o médico e a primeira pergunta foi: ‘você lava seu nariz?’. A resposta foi não, porque nunca tinha feito isso. Ele me indicou um spray e disse para criar o hábito de lavar também com soro fisiológico. Até a respiração melhorou. Hoje, lavo ao acordar e antes de dormir. Em dias mais secos, faço o procedimento no período da tarde também. Minhas crises diminuíram bastante”.
Ferrer relata que muitas pessoas optam por usar algodão e cotonetes para a limpeza, mas que esses materiais não são indicados. “A melhor maneira de higienizar o nariz é com spray de soro fisiológico e xilitol. Quem tem rinite e alergia pode procurar um especialista para indicar a melhor solução nasal. Isso porque algumas substâncias funcionam como anti-histamínico e bloqueia a entrada de vírus como COVID e influenza A/B”.
Ele conclui explicando que já existem, inclusive, estudos sobre a eficácia desses sprays no bloqueio de vírus como o da COVID. “As pesquisas ainda são in vitro e mais análises precisam ser feitas. No entanto, já é mais um motivo para confiarmos que a higiene nasal, junto com medidas como máscara e distanciamento social, ajuda até no controle da disseminação do coronavírus”.