Quando perguntada sobre quantos seguidores imaginava que teria quando saísse do Big Brother Brasil 21, a vencedora do programa, Juliette Freire, respondeu durante uma entrevista: “Chutaria 1 milhão para parecer modesta, mas queria 2 milhões”. Até o fechamento desta matéria, a paraibana de 31 anos era seguida por quase 29 milhões de pessoas no Instagram, o que equivale a 13,5% da população brasileira. Dona de beleza, carisma e talentos musicais, é difícil prever os caminhos artísticos que Juliette percorrerá. Porém, com uma rede social robusta, ela já é uma megainfluenciadora, mas, o que isso significa afinal?
Há tempos, o Instagram tornou-se uma plataforma que converte conteúdo em dinheiro e relevância. “O influenciador é uma pessoa que tem importância na opinião ou no comportamento de um determinado grupo de pessoas em um tema específico ou diversos, geralmente em canais digitais nas diferentes redes sociais e blogs. O que destaca e caracteriza verdadeiramente uma pessoa definida como influenciadora é a quantidade de seguidores. Um número expressivo de seguidores ultrapassa 5 milhões. Anitta, por exemplo, com seus mais de 50M, é um fenômeno” explica Cintia Lin, head de Marketing da Ipsos no Brasil.
Ter seguidores, portanto, reflete na valoração do conteúdo postado pelo influenciador. E o mercado é bilionário, um artigo da Forbes projeta que o marketing de influência está no patamar de US$ 15 a US$ 25 bilhões. De acordo com pesquisa do Instituto Qualibest, 76% dos internautas já consumiram um produto ou serviço após a indicação de um influenciador digital.
O case Juliette
Para Cintia, o sucesso da advogada pode ser explicado pela busca do espectador por uma heroína. “O influenciador celebridade tem uma ligação com o ‘Arquétipo do Herói’, estudo desenvolvido pelo psiquiatra Carl Jung, que define a heroína como um personagem que possui características e valores tidos como um modelo a ser seguido. Essa pessoa substitui o herói na sociedade e a Juliette preencheu esse imaginário. Ela é a figura que está dando voz para uma boa parcela da população e também não é surpresa que tantas marcas e outros influenciadores e famosos queiram fazer parte desse momento”, analisa.
Estabelecer-se como uma influenciadora digital costuma ser um “trabalho de formiguinha”, o caso de Juliette é atípico, já que ela não fez a chamada “jornada do influenciador”. “Ela ganhou todos os seguidores da noite para o dia, enquanto os maiores nomes neste ramo passaram anos da vida criando conteúdo, e aprendendo no processo inteiro. Um influenciador que cumpriu a jornada teve a possibilidade de desenvolver inúmeras habilidades. Juliette deve escolher assessores de confiança, que realmente a ajudem neste início a cuidar muito bem de seu personal branding, que é seu maior tesouro”, diz Rodrigo Azevedo, fundador do Grupo Comunique-se e CEO da agência de influência digital Influency.me.
Para Azevedo, grandes poderes geram grandes responsabilidades. “Ela é uma mídia agora, com poder maior do que alguns canais de TV. Lembrando que seguidores são diferentes de uma audiência de televisão. Eles têm um vínculo emocional com o influenciador. Na teoria, ela poderia usar todo esse poder para influenciar eleições, políticas públicas, auxiliar entidades, iniciar movimentos sociais, pautas e debates. Apesar disso tudo ser possível, na maioria das vezes, o influenciador acaba não fazendo nada disso ou fazendo muito pouco com receio de afetar sua imagem e perder seguidores”.
O especialista em marketing de influência e CEO da IWM Agency, Murilo Oliveira, acredita que a ex-BBB vai precisar criar pilares de conteúdo para continuar relevante. “A responsabilidade está sobre ela e, no fundo, Juliette sabe muito bem disso. Ela deve seguir à risca a cartilha do marketing de influência, ter bases fortes em causas e conteúdos e, obviamente, tentar se manter sempre na mídia para continuar alavancando sua carreira. Um outro passo importante é tentar sair do ambiente apenas da internet, buscar oportunidades na TV é uma estratégia importante”.
Quanto vale seu post?
Para os especialistas em marketing de influência, com tantas marcas querendo surfar no fenômeno Juliette, é difícil cravar um teto, mas, certamente, ela vai ganhar um prêmio do BBB, R$ 1,5 milhão, por mês. “Até o momento, não há nenhuma publicidade no perfil dela. Mas, um dos post em vídeo bateu 8 milhões de visualizações. Se essa postagem fosse de uma marca, valeria algo entre R$ 150 mil e R$ 250 mil. Um único post”, afirma Azevedo.
“Ela tem potencial de faturar milhões por mês, não só com posts em redes sociais, mas com sua imagem, principalmente. Contratos de publicidade, licenciamento de produtos, cursos e até música. Juntando todos estes fatores, podemos dizer que Juliette é, tranquilamente, uma mulher de mais de R$ 2 milhões por mês”, arremata Oliveira.