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A mídia e o autoritarismo

É do conhecimento de toda nação que onde existe democracia, a imprensa livre é fundamental, confirmando-se, assim, a importância da mídia em se tornar o elo entre o povo e seus governantes. Até porque a democracia ainda é a maior invenção para estabelecer limites de quem está no poder.

Na verdade, há muito tempo, existem eleições para escolher nomes que são votados pela população. No entanto, alguns têm tentado mudar o regime, priorizando a caminhada em defesa de um viés mais totalitário. E é justamente nesse ponto que essas figuras públicas começam a minimizar a importância da imprensa. Para praticarem seus atos a bel-prazer, esses administradores sempre tomam a iniciativa de evitar a circulação de informação independente e democrática.

Ao usurparem essa liberdade, eles, até para contestar as oposições, usam de métodos não convencionais e penosos de censura, sob todos os aspectos para deixar a população sem saber sobre os verdadeiros acontecimentos no dia a dia. Tendo em vista essa realidade, em todos os continentes, foram criadas organizações para proteger o direito à informação confiável. Destaca-se, neste ínterim, o relatório do Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa, publicado anualmente pela ONG Repórteres sem Fronteiras, apontando, pelo segundo ano consecutivo, que o Brasil se tornou um país em que os veículos de comunicação têm menos liberdade para trabalhar. O país ocupa agora a 111ª posição entre 180 nações.

Semana passada, o Edição do Brasil fez uma entrevista com a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG), Alessandra Mello. Em sua fala, ela criticou a falta de respeito de autoridades brasileiras em oferecer valor a uma imprensa livre, já que este é um pilar fundamental de nações democráticas.

Alessandra, inclusive, censurou o presidente da República, Jair Bolsonaro, por, em diversas oportunidades, ter desdenhado dos jornalistas e, até mesmo, atacado a mídia de um modo geral. Além de recriminar Bolsonaro, a presidente do SJPMG disparou: “hoje, a liberdade de imprensa está sob ataque em função dessa propagação de fake news. Porém isso é muito ruim, visto que quanto mais democrática é a nação, maior é a independência da mídia. Precisamos ficar atentos, pois quando começam a atacá-la, especialmente da maneira como estamos vendo, é um passo para o autoritarismo. Essas agressões à imprensa e aos repórteres em geral são alarmantes e devem ser uma preocupação da sociedade”.

É importante ficar registrado para a história: os jornalistas nunca fazem passeatas em favor da censura, do retorno de militares ao poder e, tampouco, atuam nos bastidores dos governos buscando estabelecer um confronto entre os parlamentos e os militares. Normalmente, esses trabalhadores se pautam pelo exercício do direito pleno, inclusive respeitando as leis emanadas pelas Cortes Superiores e, devidamente, votadas pelo Congresso. Sendo assim, se, atualmente, existe uma guerra ideológica nos bastidores da República, na qual se divide a população brasileira, a culpa é de quem a pratica e nunca, e em hipótese alguma, dos profissionais da comunicação de nosso país.