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Mais da metade dos brasileiros engordaram durante isolamento

Ganhar peso durante a pandemia é uma realidade comum a milhares de pessoas. Primeiro porque a principal recomendação das autoridades médicas para evitar a COVID-19 bate de frente com a regra básica de gastar mais calorias do que consumir: ficar em casa. Corpo resguardado no lar, mas a cabeça a mil. Medo, estresse, tédio, preocupação, indignação e angústia são alguns dos sentimentos relatados durante o confinamento. Como buscar o mínimo de prazer em meio a tanto caos? Com comida gostosa.

Ainda não existe um estudo de como a COVID-19 impactou no peso da população mundial, mas a pesquisa Diet & Health Under Covid-19 da Ipsos, realizada com pessoas de 30 nações em todo o mundo, mostra que, com 52%, os brasileiros são os que mais ganharam peso desde o início da crise sanitária. Na média global, pouco menos de 1 em cada 3 entrevistados (31%) engordou durante o período.

Depois do pódio brasileiro, os países que mais adquiriram quilos extras foram o Chile (51%) e a Turquia (42%). Em contrapartida, China (6%), Hong Kong (9%) e Malásia (19%) foram os que menos engordaram. No mundo todo, a média de peso ganho foi de 6,1 kg. No Brasil, foram 6,5 kg.

“As pessoas deixaram de se movimentar devido ao fechamento das academias e também muitos passaram a trabalhar em home office. Outro fator importante foi o aumento do consumo de bebida alcoólica e fast food. Somado a isso, as pessoas tendem a comer mais quando estão ansiosas, tristes e preocupadas. Chamamos de fome emocional. Já que a fome fisiológica é diferente, o indivíduo come em horários corretos, enquanto a emocional traz o desejo de mastigar o tempo inteiro”, exemplifica a nutricionista Paula Barros.

E como diferenciar as duas? “Nesse caso, a pessoa começa a ter vontade de comer alimentos específicos. A verdadeira fome não é seletiva. Quem está com fome de verdade não escolhe apenas certos alimentos. Ela deve observar se está beslicando comidas várias vezes ao dia ou se está consumindo alimentos que até então não tinha o hábito de ingerir”, completa Paula.

Como explica Nayara Monteze, nutricionista e doutora em Ciência de Alimentos, comer por escape é muito mais comum do que se supõe. “O confinamento com certeza traz uma série de desequilíbrios, dentre eles, os emocionais. A comida se torna uma válvula de escape para saciar, além da fome, emoções como a falta de carinho, o isolamento, a tristeza, a ansiedade, frustração, perda ou simplesmente deixar dias difíceis mais prazerosos. Quando comemos alimentos com alto teor de açúcares liberamos hormônios que estimulam a sensação de prazer, entrando num ciclo perigoso para o ganho de peso”, diz.

As duas nutricionistas alertam para que as pessoas se atentem aos sinais de quando este escape torna-se regra e não exceção. “Vale ressaltar que quando o exagero passa a ser rotina, seguido de um sentimento de descontrole e culpa pelo excesso alimentar, pode ser indicativo de compulsão. Ao perceber isso, é importante procurar um nutricionista e fazer o tratamento adequado, muitas vezes juntamente com o psicólogo, para ressignificar a forma de lidar com o alimento e as emoções”, aconselha Nayara.