Mesmo em um ano em que a imensa maioria das pessoas ainda não teve aulas presenciais, as despesas dos mineiros com educação aumentaram. Pesquisa realizada pela empresa Mobills, startup de gestão de finanças pessoais, apontou que os gastos com o ensino em Minas Gerais cresceram 29%, em comparação com a média registrada no começo do ano passado.
O levantamento analisou dados de mais de 3.400 usuários do aplicativo no estado e constatou que os meses de maio e junho de 2020 foram os com maior queda em relação às despesas na categoria. Já no mês de outubro, os investimentos saltaram. Em novembro, os mineiros gastaram mais do que em todos os outros meses com educação. Os registros analisam custos com escolas, cursos de idiomas, especialização e também capacitação, além de universidades.
Em março de 2020, início do isolamento no Brasil, os gastos registrados com educação no estado caíram 14% em comparação com fevereiro do mesmo ano. “Em meio à incerteza econômica e crise ocasionada pela COVID-19, os custos com educação caíram consideravelmente. Nesse cenário de quarentena, fechamento do comércio e aumento do desemprego, foi preciso negociar valores e até mesmo abandonar cursos que pesaram na renda. No entanto, levando em consideração que o investimento em educação é um tipo de gasto essencial e que contribui para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional, podemos dizer que esse investimento é válido tanto para aumentar ou garantir uma renda quanto para melhorar o cuidado com as finanças pessoais”, analisa Larissa Brioso, educadora financeira da startup.
Já em outubro, as despesas registradas com educação em Minas Gerais foram 35% maiores do que o valor registrado em janeiro de 2020. “O aumento no investimento pode ser explicado tanto pela garantia da renda com a retomada ao mercado de trabalho e recebimento de auxílio emergencial quanto pelas novas possibilidades proporcionadas pela educação, como especialização em áreas que geram renda por meio do empreendedorismo, e estudo sobre finanças pessoais que contribui para a otimização da renda, utilizando melhor o dinheiro e reduzindo custos não essenciais”, acrescenta Larissa.
Apesar do aumento de gastos, durante os meses analisados pela startup, o ticket médio se manteve estável, em comparação com o início de 2020 e o de 2021. Em janeiro do ano passado, a média em Minas Gerais era de R$ 266,18 e, em fevereiro de 2021, foi de R$ 271,21.
Para a educadora, é preciso se organizar para conseguir investir em educação em momentos críticos como o atual. “O primeiro passo é fazer um diagnóstico financeiro com o objetivo de entender sua capacidade para poupar dinheiro. Para isso, é necessário fazer o registro e acompanhamento de ganhos e despesas, dividir os custos em essenciais e desejos pessoais, e então entender como pode reduzir ou cortar aqueles que não são necessários para otimizar a renda. Assim, com essa economia, fica mais simples investir no futuro, em especializações ou cursos, montar uma reserva financeira ou até mesmo diversificar a carteira de investimentos pensando em longo prazo”, diz.
Pensando no futuro
Para Ana Paula Velosa, especialista em carreiras do Ibmec BH, os dados sugerem que as pessoas estão mais conscientes sobre seus objetivos profissionais. “Sem dúvida, o investimento, e não só financeiro, mas também de tempo, energia, atenção, em cursos e capacitações é fundamental para a manutenção de desenvolvimento profissional. Não entrar em estado de paralisia em cenários complexos é indicação de certa maturidade profissional, de quem sabe o que quer e como fazer para alcançar objetivos e resultados”, afirma.
Segundo a consultora de carreira, há uma tendência atual do mercado em busca por cursos de ferramentas que objetivam a aplicação imediata de novos conhecimentos. “Importante ressaltar que, mais do que nunca, essas capacitações devem estar alinhadas com o plano de carreira de cada um que escolhe um curso ou formação. Quando o assunto é a carreira, não só em momentos como este, mas de uma forma geral, a prioridade deve ser sempre a consciência sobre o que se quer ser, onde se quer estar e o que se deve fazer para isso”, aconselha.