Os especialistas em política não se sentem confiantes em descrever o quadro que começa a ser desenhado para as eleições de 2022 quando o assunto é o governador Romeu Zema (Novo). Por enquanto, ele reluta em implementar a prática comum para esse tipo de projeto, ou seja, evita atender os políticos nos moldes do passado, mediante nomeação de secretários e assessores por intercessão de grupos ou partidos apoiadores.
Zema está bem avaliado administrativamente, no entanto, quando o tema é sucessão, volta-se à estaca zero. Nesse ínterim, entra em pauta o relacionamento dele com a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), caixa de ressonâncias do estado. O distanciamento do chefe do Executivo em relação aos deputados trouxe dificuldade não apenas no que diz respeito à política partidária, mas também ao que se refere à aprovação de matérias de interesse do governo.
Sem conselheiros
Recentemente, o ex-deputado Gustavo Corrêa foi nomeado secretário-adjunto de Governo. Porém, segundo consta, não ofereceram a caneta e o poder de decisão para ele. Assim, o seu trabalho necessita do aval permanente do titular da pasta, Igor Eto. Outra fonte de assessoramento político vem do secretário-geral do Governo, Mateus Simões, cujas ações estão mais voltadas para atender às demandas das secretarias e dos próprios órgãos do governo internamente.
Em pouco mais de 2 anos de comando, Zema já está em seu terceiro líder na Casa Legislativa. Deu início com o então deputado tucano Luiz Humberto Carneiro, passou para o parlamentar Raul Belém e, agora, quem fala em seu nome perante o plenário é o deputado tucano Gustavo Valadares.
Sabe-se nos bastidores que as dificuldades de se relacionar politicamente com os diversos setores, incluindo a própria ALMG e a imprensa, é uma orientação do Partido Novo. “Ele deveria ter saltado fora deste barco no começo de 2020 quando seu vice, Paulo Brant, sentindo-se desconfortável, rasgou a sua ficha de filiação”, afirmam alguns amigos do governador. Contudo, esse afastamento partidário tem custado caro a Brant. Não é novidade para ninguém o seu isolamento perante as lides palacianas. No último ano, foram poucos os momentos em que ele foi chamado ou sequer comunicado em relação aos projetos e decisões importantes do poder central.
E, assim, o governo Zema vai sendo conduzido. “Ele tem se vangloriado de estar pagando os salários dos funcionários relativamente em dia, entretanto, não tem plano de obras em execução e não apresenta feitos no que diz respeito à infraestrutura”, alfineta um dos deputados ouvidos pela reportagem e que preferiu o anonimato. Segundo ele, é bem possível que, na virada do semestre, Zema mude o seu estilo de comandar a máquina estatal, passando a ouvir mais as lideranças, até porque prefeitos, deputados e vereadores também são representantes do povo.
No entanto, essa possível alteração de rota só se explanará viável com o aval do Partido Novo, é o que dizem os especialistas. Como já é de conhecimento, a sigla não aceita coligação partidária, filiação de pessoas não aliadas ideologicamente à direita, não permite reeleição para o mesmo cargo, etc. Então, diante disso, é de se imaginar o grau de dificuldade do governador em acolher a sugestão de ter um governo mais aberto e pautado no diálogo com os segmentos organizados da política mineira.