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84% das meninas de 13 anos usam aplicativos para distorcer a aparência nas redes sociais

Uma pesquisa encomendada pela Dove e realizada pela Edelman Data & Intelligence mostra que as adolescentes não estão satisfeitas com a própria imagem. Cerca de 84% das brasileiras com 13 anos já aplicaram filtro ou usaram aplicativo para mudar a aparência em suas fotos. Além disso, 78% delas tentam alterar ou ocultar pelo menos uma parte de seu corpo que não gostam antes de postar.

Essa “autodistorção digital” da aparência resulta em tentativas de atender a padrões irreais de beleza – 89% relatam que compartilham selfies na esperança de receber validação de outras pessoas. Os dados ainda mostram que 35% das brasileiras dizem se sentir “menos bonitas” ao verem imagens de influenciadoras e celebridades nas redes sociais.

Como se não bastasse, quanto mais tempo as meninas passam editando as fotos, mais elas relatam insatisfação corporal – 60% das que passam de 10 a 30 minutos retocando as imagens dizem ter baixa autoestima. O estudo também retrata que meninas que distorcem as fotos são mais propensas a rejeitarem o próprio corpo (50%) em comparação com aquelas que não distorcem (9%).

Esse tipo de cuidado reflete na vida adulta: 69% das mulheres adultas gostariam de ter sabido como construir a autoestima quando eram mais jovens. Além disso, 36% das meninas sentem que seus pais não entendem a pressão que elas sentem nas redes sociais e 78% das mães gostariam de ter as ferramentas para educar seus filhos sobre os potenciais danos das mídias sociais.

Para o psicólogo Leonardo Morelli, os dados mostram que as pessoas têm vivido em um mundo irreal proporcionado pelas redes. “Nele, todas as faces, corpos e vidas são tidas como perfeitas. Não é o que acontece no real, no qual temos defeitos e qualidades, alegrias e tristezas”.

Ele acrescenta que todos, independentemente da idade, buscamos ser compreendidos e aceitos de alguma forma. “No caso dos adolescentes, como estão imersos no on-line, acabam perdendo a habilidade de se relacionar com outras pessoas e o ambiente das redes sociais passa mais segurança. Assim, quanto mais likes recebem, mais seguros se sentem. Mas essa sensação de conforto, ao mesmo tempo, o impede de viver o mundo real e o faz estar cada vez mais preocupado com que os outros vão achar de suas postagens”.

Ele diz que a cobrança social por padrões de estética junto ao mundo cada vez mais idealizado, retratado pelas redes sociais, tem gerado uma comparação irreal e cruel. “Estamos mais conectados e o contato com o on-line é iniciado cada vez mais cedo. Nesses aplicativos, é implícita a ideia de que o nosso valor está relacionado ao número de curtidas ou comentários que nossas fotos recebem”.

Construindo a autoestima

O fato de a maioria das mulheres adultas relatarem o desejo de ter construído uma autoestima mais saudável na adolescência, poderia ser mudado com a compreensão do que isso representa. “Muitas pessoas atrelam esse termo a algo externo. Ou seja, a sua capacidade de realizar determinada tarefa, à aparência, peso e outros. No entanto, é importante que tenhamos a percepção de que todo ser humano é digno de valor simplesmente pelo fato de existir”, ressalta Morelli

Ele explica ainda que esse cenário é cultural. “Um dos grandes passos para a mudança é trabalharmos na conscientização e educação de crianças. É importante monitorar o tempo de exposição às redes sociais, inclusive do conteúdo que estão consumindo. É importante ressaltar que estamos lidando ali com um mundo irreal, construído sempre com algum objetivo, geralmente, vender alguma coisa, seja material ou ideológico”.

De acordo com o psicólogo, não estimular ou alimentar comportamentos obsessivos em busca de uma determinada aparência é fundamental. “Mostrar que a beleza está justamente na diversidade. Contudo, em caso de doenças diagnosticadas, como distúrbios de imagem, é indispensável o acompanhamento profissional com terapeuta e psiquiatra”.

Mudando o futuro

Em parceria com o Centro de Pesquisa de Aparência da UWE Bristol (University of the West of England), a Dove criou o Projeto Dove pela Autoestima. A iniciativa permite que pais e responsáveis acessem ferramentas gratuitas para lidar com as principais barreiras para desenvolvimento da autoestima nos jovens atualmente. “A ideia possui um papel fundamental na construção da autoestima das futuras gerações e, também, para fornecer novas habilidades para que pais e jovens estabeleçam uma relação mais saudável e positiva com as redes”, explica a gerente de Dove no Brasil, Fernanda Gama.

Ela acrescenta que o projeto foi criado para ajudar a próxima geração a crescer desfrutando de uma relação positiva com a aparência. “Os recursos incluem guias de atividades e artigos em sites para ajudar os pais a lidarem com tópicos difíceis, como bullying e imagem corporal, workshops de construção de confiança para escolas e atividades educacionais para mentores e líderes jovens”.

Até agora, a iniciativa impactou positivamente a vida de mais de 69 milhões de jovens em 150 países em todo o mundo, tornando-o o maior provedor de educação de autoestima do mundo. “Até 2030, a Dove planeja aumentar seu impacto social por meio do projeto em mais de 250%, atingindo a vida de 250 milhões de jovens”.