A Páscoa está chegando e o preço dos ovos de chocolate tem assustado alguns consumidores. É que mesmo durante a crise econômica, ocasionada pela pandemia de COVID-19, o valor dos itens vendidos por marcas tradicionais e conhecidas varia entre R$ 40 e R$ 70. Uma pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostra que os produtos estão até 11% mais caros. A saída é procurar alternativas mais em conta para não pesar no bolso ou extrapolar o orçamento.
Nas redes sociais, não faltaram piadas com o preço dos produtos. Alguns internautas brincaram sobre os brindes que vem dentro dos doces, enquanto outros consideraram como “absurdo” os valores praticados. Mas, afinal, por que os ovos de Páscoa custam caro? Para o economista Ricardo Fonseca, não é apenas um fator que afeta o valor da mercadoria, mas sim um conjunto deles. “O principal são os custos de produção e logística que são muito maiores para itens sazonais e comemorativos. Ou seja, existe toda uma cadeia que exigiu mais mão de obra, máquina, equipamento e capital”, explica.
Além disso, os ovos de Páscoa deixaram de ser comprados apenas pelo chocolate. O economista comenta que as crianças e até mesmo os pais acreditam que o brinquedo que vem junto é mais interessante que o próprio doce. “Isso tudo faz aumentar o custo de produção, assim como as embalagens mais sofisticadas. Aqueles que possuem desenhos de personagens e brindes exclusivos também exigem o pagamento de royalties”.
Entre outros fatores que podem encarecer o produto, Fonseca diz que “a maioria das empresas adicionam um preço para cobrir eventuais perdas. Isso porque não é possível prever o número exato de ovos que serão comprados. Após a Páscoa, as sobras acabam voltando para as produtoras, que amargam o prejuízo”.
Por último, apesar dos custos dos ovos crescerem a cada ano, o economista lembra um importante fator: o valor emocional. “As pessoas estão dispostas a pagar, pois muitas vezes o produto remete a momentos da infância ou em família. Também tem o fato de que as crianças não têm noção do preço e os pais acabam cedendo na hora de presentear”, conclui.
Oportunidade aos microempresários
Para quem deseja economizar nos presentes, uma alternativa seria optar por comprar dos pequenos empresários. Nessa época do ano, eles aproveitam as redes sociais para fazer propaganda de seus produtos. Esse é o caso da confeiteira Michele Rezende, que já possui uma grande quantidade de pedidos até a Páscoa. “Tenho investido muito no kit mini confeiteiro, que vai com metade de uma casca de chocolate de 150g, mais dois sabores de brigadeiro e dois confeitos. A criança é que faz a decoração do próprio ovo. É bom para esse momento em que todas estão em casa para usarem a criatividade e terem algo para se distrair. Esse é um dos itens que mais vendo. O preço varia entre R$ 25 e R$ 35”.
Ela diz ainda que a grande novidade desse ano são mini ovos de colher. “São pequenos, mas bem recheados e o cliente pode escolher até três sabores diferentes. A caixa está saindo por R$ 25. Também tenho vendido bastante trufas e os pirulitos recheados. O preço destes varia entre R$ 5 e R$ 20. Minha propaganda é toda pela internet e o boca a boca ajuda demais. Nesses últimos dias, antes da Páscoa, apostei em promoção para atrair clientes. Coloquei frete grátis para as compras acima de R$ 50”, afirma.
Impacto da COVID
No ano passado, a data foi o primeiro feriado nacional no calendário varejista impactado pelo coronavírus. De acordo com levantamento da Boa Vista, as vendas recuaram 33% em relação ao mesmo período de 2019. Para este ano, não há um estudo formal sobre o tema, mas o segmento está otimista. Projeção da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates e Balas (Abicab), apontam que cerca de 12 mil postos de trabalho temporários, diretos e indiretos, foram gerados em linhas de produção e pontos de venda desde agosto de 2020.
Para este ano, a associação acredita que a principal estratégia das empresas será continuar a desenvolver a diversificação dos canais de venda. “Em 2020, o e-commerce e o varejo foram grandes aliados das indústrias. Com isso, acreditamos que as vendas on-line e parceria com os varejistas se manterão fortes neste e nos próximos anos. Temos enxergado um crescimento nos canais digitais e um aumento de confiabilidade em compras pela internet”, afirma Ubiracy Fonsêca, presidente da entidade.