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50% dos jovens brasileiros se sentem pressionados a terem um relacionamento

Uma pesquisa feita pela plataforma Yubo com jovens da geração Z (nascidos entre 1995 e 2015) mostrou que 50% dos brasileiros nessa faixa etária afirmam sentir pressão social para manter um relacionamento. Os dados apontam que esse grupo tem medo de ficar sozinho: 21% garantem que essa pressão vem das redes sociais, 22% da família e 40% de uma imposição interna.

Ao mesmo tempo, essa geração entende que se dedicar a si mesmo e desenvolver o amor próprio é uma prioridade. Mais de 52% dos entrevistados consideram o relacionamento com eles mesmos o mais importante à frente da família (27%), amigos (11%) e crush (4%).

Questionados se eles gostam de quem são hoje, 40,9% diz que “está no caminho” e 31% respondeu que sim, indicando que o autocuidado é uma medida importante nas suas rotinas.

Para o CEO e cofundador da Yubo, Sasha Lazimi, essa pressão para um relacionamento é algo que sempre existiu. “Todas as gerações são pressionadas, de alguma forma, para se relacionarem de acordo com os padrões impostos. A geração Z não é exceção. O que é positivo é que eles estão cientes desses clichês e entendem que a restrição real vem de seu próprio pensamento. E esse é o primeiro passo para desafiar essas visões desatualizadas”.

Ele acrescenta que todo mundo tem pelo menos uma conta na rede social hoje em dia, e que a geração Z está interligada com essas mídias. “Sua identidade on-line é tão importante quanto sua imagem na vida real – eles se definem pela ideia que transmitem nessas redes e constroem suas interações sociais de acordo com isso. Inevitavelmente, essa situação afeta a maneira como pensam, se relacionam e veem o mundo”.

No entanto, Lazimi ressalta que a geração Z não age de acordo com as normas estabelecidas na sociedade. “Eles redefiniram o que é e o que não é aceitável nesta área, permitindo o surgimento de uma geração que é muito mais tolerante e aberta do que as anteriores. E isso teve um impacto social muito grande, mudando nossa realidade profundamente”.

Há, na percepção do CEO, uma necessidade de autenticidade e autoaceitação, que pode ser sentida nas interações da geração Z. “Eles querem trocar, debater e compartilhar livremente suas opiniões ao vivo. Esses posicionamentos costumam ser sinônimos de compromisso e vontade de mudar as coisas para melhor. O isolamento social teve impactos negativos na saúde mental dos jovens. Porém, o tempo que passam sozinhos permite que eles se priorizem e adotem algumas rotinas de autocuidado que antes não pensavam por falta de tempo”, garante.

Consequências

A psicóloga clínica Daniela Generoso explica que ainda vivemos em uma sociedade que acredita que só estamos bem emocionalmente se tivermos ao lado de alguém. “Existe o mito da metade da laranja, a famosa alma gêmea. Muito poética, mas que não reflete o real. Se você estiver ao lado de alguém apenas para cumprir um rito ou aparência é ruim para você e para o outro”.

Ela acrescenta que construir uma vida de aparências tem consequências. “A pessoa pode se deparar com a solidão. Com uma expectativa irreal ou sentimentos fantasiosos e ainda deixa de desenvolver autenticidade pessoal, o que pode desencadear numa depressão e/ou ansiedade”.

Para que as redes sociais não tragam impactos para as decisões acerca de um relacionamento, a especialista afirma que é preciso ter consciência do que ela significa na nossa vida. “Temos que refletir de que a nossa prioridade não deve ser os likes, e sim o que você sente diante das situações e pessoas. Vivendo mais fora das telas e curtindo o que é real e não o que talvez fosse seu ideal”.

Daniela diz que o autocuidado é a certeza de que se tem uma única vida para ser vivida e não vivê-la da maneira que é possível faz com que sejamos escravos do sentimento de imperfeição, inutilidade e rejeição. “Para evitar isso é preciso entender que devemos existir sendo a melhor versão de nós mesmos do jeito que dá, sozinho ou não”.

Ter o autocuidado como prioridade é importante por três fatores: “auxilia na busca da autossatisfação e autorrealização; ajuda a não desenvolver doenças como ansiedade, depressão ou transtornos de personalidade; e, por último, faz com que a vida seja mais leve”, conclui a psicóloga.