De olho no processo eleitoral de 2022, alguns representantes de segmentos da política mineira começam a se movimentar em direção a gestos mais concretos. Esse é o caso do presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Agostinho Patrus (PV) que, ao longo dos últimos 4 anos, tem feito um trabalho que o credencia como uma preponderante liderança política do estado. Seu feito mais evidente aconteceu semana passada, ao comandar a criação de um bloco independente, com 39 dos 77 deputados. Na avaliação de parlamentares ouvidos pela nossa reportagem, que preferiram o anonimato, “Agostinho está se fortalecendo para o pleito majoritário”, dizem.
Desde o início da atual gestão, o dirigente da ALMG sempre contou com um grupo de colegas aliados na hora de tomar suas decisões, inclusive em relação às votações da Casa. Agora, com esse bloco amplamente majoritário, a tendência é de crescer o seu raio de hegemonia. Os deputados mais experientes consideram que a situação do governador Romeu Zema (Novo) no âmbito do Legislativo mineiro, que nunca foi fácil, ultimamente está ainda pior. Para além dessa situação, existem muitos parlamentares com possibilidade de votarem matérias de interesse público. Neste caso, mediante um esforço ainda maior de lideranças governistas naquela Casa.
Entres os participantes dos independentes, apenas o emedebista Sávio Souza Cruz estaria efetivamente se posicionando contra os interesses do Palácio Tiradentes, como sempre o fez, ao longo da era Zema no poder. Outra informação: lá em Curvelo, cidade da região Central do estado, local onde Souza Cruz é bem votado, já se fala que ele não se candidataria mais a um pleito, pois espera ser indicado para uma vaga no Tribunal de Contas.
Friamente analisando o cenário de forças políticas no Plenário da Assembleia Legislativa, certamente é de se prever a chance de o bloco de oposição, com 21 integrantes e liderado pelo PT, orientar os seus aliados a acompanharem uma linha própria, porém, de maneira muito tênue e cada vez mais próxima aos independentes na hora da votação de projetos do Poder Executivo. Nos bastidores são muitas as especulações sobre os fatos recentes. Pelo que se sabe, o presidente tem aproveitado o tempo de folga para se articular politicamente. O dirigente, observam amigos, não é próximo ao governador do estado e atua sempre em linha própria, mas também não se exime de ser um apoiador, quando está em jogo sublime o interesse dos mineiros. Pelos roteiros expostos, dificilmente Zema e Agostinho estariam juntos no mesmo palanque daqui a 2 anos.
Coube ao PSDB, por meio do líder Gustavo Valadares, comandar o bloco, com cerca de duas dezenas de colegas, a ficar ao lado do governo. Apenas um detalhe: trata-se de um grupo de deputados efetivamente heterogêneo. As autoridades governistas ouvidas pela imprensa garantem que tudo se resolverá no decorrer dos meses.