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Em 2 meses, preço da carne sobe em até 30% na capital

Os tradicionais churrascos das comemorações de fim de ano já devem chegar salgados na casa do brasileiro neste Natal. Pesquisa feita pelo site Mercado Mineiro aponta um aumento de até 30% no valor médio de determinados cortes e preços, que chegam a uma variação de 179% na Grande Belo Horizonte. Os aumentos expressivos e contínuos têm alarmado tanto os consumidores quanto os açougueiros.

De acordo com o levantamento, que ouviu 38 donos de estabelecimentos, o frango congelado sofreu um aumento de 30%, nos últimos 2 meses, passando da média de R$ 6,48 para R$ 8,44. Mas, são os cortes bovinos que chamam a atenção. O quilo da maminha pode ser encontrado de R$ 29 até R$ 69,95, uma variação de 141%. Já o contrafilé pode custar de R$ 35 a R$ 54, uma alteração de 54%. Os preços da fraldinha, alcatra e picanha podem variar entre 72%, 83% e 179%, respectivamente.

Como explica o diretor do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, a constante alta no preço das carnes é consequência do crescimento disparado da exportação. “Em primeiro lugar, estamos com o real desvalorizado perante o dólar, o que torna muitas produções e produtos, do agronegócio principalmente, extremamente atrativos para exportação. Ao mesmo tempo, há um aumento de demanda muito grande do mercado externo, especialmente da China. Para se ter uma ideia, estamos batendo recorde de exportação e de custo. O consumidor interno fica naquela história: o que sobra depois de exportar, ele consome a preço de exportado. Ninguém aguenta”, diz.

Mesmo as opções escolhidas pelos consumidores quando a carne bovina sobe também estão impactadas com a alta na exportação. A carne suína bateu recorde de aumento. O quilo do lombo inteiro teve acréscimo de R$ 19,56 para R$ 23,49, uma majoração de 20%. O pernil sem osso que custava R$ 18,88 passou para R$ 22,31, 18,18% a mais. O quilo da coxa e sobrecoxa do frango que custava, em média, R$ 8,99 agora é de R$ 10,45, 16% mais caro.

“Esses acréscimos são extremamente expressivos e contínuos. Somado a isso, temos também uma pressão muito grande da alta no preço de grãos, como milho e soja, que são a base de ração, em especial, do porco e do frango. Ou seja, o custo de produção dessas duas carnes também é aumentado em função da exportação desses dois grãos”, esclarece Abreu.

Segundo o responsável pela pesquisa, o clima nos açougues não é de comemoração. “Quem sofre mais é o consumidor, sem dúvidas. Porém, o dono da casa de carnes também não está feliz porque ele compra um produto caro, não consegue repassar o valor, é um alimento perecível, que exige um custo alto para manter nas condições de armazenamento. Então, se ele não consegue repassar a margem de lucro necessária, isso vai gerar prejuízo. Quem ganha é o frigorífico que exporta e o produtor que vende”, afirma.

“Entre os açougueiros, o sentimento é de medo de faltar alguns cortes, principalmente os mais comuns e que geram uma rotatividade maior para o estabelecimento. Quando conseguem a carne, precisam ajustar o preço e o consumidor reclama é com o açougueiro, mas ele também é uma vítima dessa situação atual”, acrescenta Abreu.

É o caso de José Eustáquio Campos, proprietário de uma casa de carnes há duas décadas na região Centro-Sul de Belo Horizonte, que precisou reajustar seus preços mais de uma vez nos últimos 3 meses. “A situação atual é muito preocupante, uma das mais difíceis em 20 anos que estou aqui nesse ponto. Mesmo numa área considerada nobre, o consumidor já não leva o que costumava. Clientes de anosme dizem que estão comendo mais ovos no lugar da carne”, lamenta o empresário.

De acordo com o administrador, a tendência é que, com a chegada das festas de fim de ano, os valores fiquem ainda mais caros, mas a pior opção é o estocamento. “A gente sempre lembra que o consumidor não deve estocar. Tente esperar e reduza o consumo de carne. O que nos resta é pesquisar custos porque encontramos diferença de mais de 100% no mesmo corte. Pode até ser que seja de melhor qualidade, mas 150% melhor eu não acredito. O que o cliente precisa fazer é comprar o necessário, estocar é o pior porque se o consumo cresce, o mercado se sente confortável para aumentar ainda mais”, alerta.