Outubro é o mês que marca a luta feminina contra o câncer de mama, patologia que mais atinge as mulheres no Brasil. Este ano, estima-se que 66.280 novos casos serão registrados no país. Os dados são do Instituto Nacional do Câncer (Inca) que apontam também 17.763 mortes pela doença, sendo 17.562 entre mulheres e 189 entre homens.
A mastologista Fabia Beraldo explica que o câncer de mama se caracteriza pela proliferação anormal e desordenada das células do tecido mamário. “A doença se desenvolve em decorrência de alterações genéticas, na maioria das vezes não hereditária. Essas mudanças nos genes podem ser adquiridas ou herdadas e esse fator corresponde a cerca de 5% a 10% dos casos”.
Ela explica que diversos fatores aumentam o risco de desenvolver a patologia e que um deles é a idade. “Mulheres a partir dos 50 anos são mais propensas devido ao acúmulo de exposições ao logo da vida e as alterações biológicas. Outra razão está relacionada ao comportamento ou ambiente, o que inclui ingestão de bebida alcoólica, tabagismo, sobrepeso e obesidade após a menopausa e exposição à radiação ionizante”.
A genética também contribui para o surgimento da doença, segundo a especialista. “Mulheres com histórico de casos de câncer de mama em familiares, sobretudo em idade jovem, de câncer de ovário ou de mama em homem podem ter predisposição genética e são consideradas de risco elevado”.
Diagnóstico e tratamento
Fabia acrescenta que, atualmente, o diagnóstico, o tratamento local e o sistêmico para o câncer de mama estão sendo aprimorados de forma rápida em razão de um melhor conhecimento da história natural da doença e das características moleculares dos tumores. “Neste cenário, o planejamento de estratégias por meio da detecção precoce é fundamental”.
Ela ressalta que quanto mais cedo um tumor invasivo for detectado e o tratamento iniciado, maior a probabilidade de cura. “Por esse motivo, várias ações vêm sendo implementadas para diagnosticar o câncer em estágios iniciais”.
O tratamento tem sido cada vez mais individualizado. “É feito uma análise de acordo com biologia tumoral e estádio da doença. O câncer classificado como sistêmico é tratado com quimioterapia e hormonioterapia, já o local com procedimento cirúrgico e radioterápico”.
Pandemia e o câncer
Para a mastologista, a pandemia pode ter atrasado o diagnóstico e o tratamento de muitas pacientes. “Algumas estão com medo de consultar. Além disso, não estão fazendo o rastreamento adequado, que ocasiona na redução de atendimentos e cirurgias por consequência de uma piora no prognóstico”.
A pandemia trouxe, de fato, insegurança para a representante comercial Yara Honório, que descobriu o câncer em maio do ano passado e, atualmente, luta com uma metástase da coluna. “Eu já passava por um momento difícil e aí veio a COVID-19. O medo é grande e meu psicológico ficou muito abalado. Mas, continuei no tratamento, indo as consultas e cheguei a fazer 15 sessões de radioterapia durante esse período”.
Yara recorda que descobriu o câncer por acaso, quando se preparava para uma cirurgia de redução de mama, que era seu sonho. “Minha médica pediu para eu ir ao mastologista e ele encontrou um nódulo que não era palpável. No mesmo dia, fiz um ultrassom e a doença foi diagnosticada. Foi o momento mais triste da minha vida”.
Contudo, após o impacto do resultado, ela decidiu se manter positiva. “Tive que retirar parte da mama direita. Foi uma corrida contra o tempo, já que acabei por descobrir o câncer em fase inicial. Fiz 4 quimioterapias vermelhas, 4 brancas e 30 sessões de radioterapia. Passei muito mal, tive dores de cabeça e em todo o corpo, mas segui em frente”.
“Precisamos ter fé e alegria de viver. Aprendi que câncer não é sinônimo de morte, há vida após ele. Portanto, ocupe a cabeça e se cerque de pessoas que te amam e torçam por você”, conclui.