Com mais tempo livre em casa por conta do confinamento, muitos casais ou solteiros têm buscado uma forma de apimentar ainda mais a vida sexual. Esse cenário tem impulsionado a venda nas sex shops on-line. A projeção da Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual (Abeme) é de crescimento entre 8% e 12% durante o período de quarentena. Os dados apontam que os lojistas do ramo têm conseguido se reinventar e manter a lucratividade, mesmo diante da crise causada pela COVID-19. Agora, o setor se prepara para trazer as novidades para o Dia dos Namorados, melhor data comemorativa para o comércio erótico.
Paulo Japiassu, proprietário de uma revendedora de brinquedos eróticos para diversos lojistas em Minas Gerais, disse que houve um aumento de 30% nos pedidos on-line e pelo delivery. “Os artigos mais comprados são os vibradores e géis. Acredito que muitos ainda possuem uma quantidade de produtos em estoque e, quando se esgotarem, teremos que apelar para as fábricas”, afirma.
Aline Serafim é dona de um sex shop e precisou fechar as portas da sua loja durante o período de isolamento. “Tenho o espaço físico, faço atendimento em casa, além de eventos com o público feminino. Essas eram as maiores vitrines para venda dos meus produtos. Sem as pessoas poderem sair de casa, o on-line e os pedidos por meio do delivery tiveram grande procura. Na comparação com abril do ano passado, o crescimento gira em torno de 15%”, revela.
Ela atribui esse aumento ao fato de as pessoas estarem mais abertas para conhecer os produtos e ter novas experiências. “Também estão passando mais tempo na internet e com acesso aos diversos conteúdos, inclusive, sobre sexualidade. As mulheres estão se permitindo na busca pelo prazer e conhecendo o próprio corpo. Já os casais que moram na mesma casa estão tendo a necessidade de serem ousados e criativos para manter acesa a chama do relacionamento”.
As redes sociais se tornaram a principal ferramenta para divulgação não só das mercadorias, mas também dicas e conteúdos com o tema. “Tenho percebido que a maioria das mensagens recebidas são de pessoas que não conheciam e agora estão tendo mais curiosidade e interesse. Elas entram em contato buscando mais informações sobre determinado item e pedem orçamento. Procuro fazer um atendimento personalizado, visando satisfazer a necessidade do cliente”, garante.
“Os produtos mais procurados no momento são vibradores e estimuladores clitorianos, assim como os géis”, afirma. Além destes, a lojista assegura que os consumidores também querem novidades já pensando no Dia dos Namorados e tem vendido muitas fantasias e óleos para massagem. Ela acrescenta que, nesse período de quarentena, adotou medidas de higiene mais rigorosas e tem feito as entregas sem cobrança de taxa.
Isabela Soares da Silva, empresária do ramo, também está com as duas lojas físicas e um estande na Feira do Mineirinho fechados. O atendimento tem funcionado apenas pelo serviço de delivery. Ela diz que houve um pequeno aumento nas vendas, mas espera que sejam melhores para o Dia dos Namorados. “Em junho, o acréscimo costuma ser até 30% maior na comparação com outros meses”.
A divulgação das mercadorias tem sido feita pelas redes sociais, site e pelo WhatsApp. Os vibradores e masturbadores são os mais procurados nessa época de isolamento. Já para o Dia dos Namorados, há procura por lingeries, massageadores e kits eróticos. Ela relata que ainda possui uma grande quantidade de produtos no estoque, não sendo necessário fazer reposição com urgência. “Por enquanto, a situação está tranquila e não tem faltado nada”.
O sócio proprietário, também de um sex shop, Giovani Zanin comemora o crescimento nas vendas on-line. “No último mês, tivemos um aumento em torno de 10% a 15%. Isso se deve ao fato de as lojas físicas estarem fechadas e estarmos trabalhando apenas com o e-commerce e o delivery. Além disso, a quantidade de produtos por pedido também subiu. Em março foram vendidos cerca de 700 itens, já em abril foram pouco mais de 900”.
Ele revela que os produtos que mais saem são os óleos, excitantes e vibradores. “Esse último, chego a vender cerca de dois por dia. A minha propaganda é feita por diversas plataformas virtuais disponíveis, como redes sociais, site, anúncios na internet. Com relação ao púbico consumidor, as mulheres entre 20 e 45 anos são a maioria (80%). Entre os homens, 15% do total possuem mais de 50 anos, enquanto que 75% têm entre 18 e 49 anos”.
Zanini também afirma que o Dia dos Namorados é a melhor data para vendas. “O crescimento chega a 30% somente no mês de junho. Ainda estamos fazendo os planos de divulgação dos produtos e descontos para aproveitar ao máximo a ocasião. Tudo será feito de forma on-line”, conclui.
Perdendo a potência
Apesar da alta nas vendas, o setor também é impactado negativamente durante o isolamento. “As duas maiores feiras: IntimiExpo (São Paulo) e Sexy Fair (Rio de Janeiro) foram adiadas. Elas aconteceriam em março e abril, quando as empresas fazem o lançamento de novos produtos já pensando no Dia dos Namorados. Logo na sequência, as fabricas também fecharam e tiveram pedidos cancelados. Os lojistas estão trabalhando de suas próprias casas e fazendo o possível para manter suas finanças”, diz a assessoria Abeme.
De acordo com a associação, a maioria dos empresários deixa para repor suas mercadorias em grande escala próximo ao Dia dos Namorados, justamente para trazer novidades. No entanto, o setor foi surpreendido pela pandemia e muitos lojistas já têm problema da falta de alguns produtos. “Caso a quarentena se prolongue muito, em breve não haverá mais como fazer a reposição do estoque”.