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Mulheres contam como saíram do sedentarismo e emagreceram sem desembolsar muito dinheiro

Consulta com nutricionista: acima de R$ 80. Avaliação de endocrinologista: R$ 200. Acompanhamento de personal trainer: de R$ 60 a R$ 150 por hora. Academia: de R$ 59,90 podendo chegar a mais de R$ 600, por mês. Num país com salário mínimo fixado em R$ 1.045, estes não são investimentos acessíveis para maioria da população. Porém, isso também não é desculpa para cair no sedentarismo. Pelo menos foi o que pensou a esteticista Janaina Rodrigues, 40, quando decidiu mudar radicalmente seus hábitos.

Com 1,54m de altura, Janaina já pesou 90kg. “Eu tinha vários problemas ligados à obesidade, mas foi a falta de circulação sanguínea nas pernas, devido à vida sedentária e por trabalhar sentada o dia todo, que me fez tomar uma atitude”, conta. Na época desempregada e sem muito dinheiro, ela focou em um investimento: a academia. “Meu intuito era sair do sedentarismo e, com o tempo, fui mudando hábitos e alimentação, sem acompanhamento de nutricionista. Nunca comprei suplemento ou fiz algo de extraordinário. Só tinha disciplina e força de vontade”, diz.

A esteticista pegou tanto gosto pela atividade que, hoje, dos 77kg que pesa, 49% é massa muscular. “Meu corpo mudou, minha saúde é outra. Sentia dor nas pernas, crise de enxaqueca de precisar ir no hospital, desmaios, sinusite e alergias. São coisas que não tenho mais. Tenho vitalidade de uma menina de 20 anos”, compara.

A diarista Cristina Sousa, 41, também relata fortes enxaquecas do período sedentário da sua vida que ficou no passado. “Estava bastante acima do peso. Tinha dificuldade para andar, respirar e roncava muito. Tudo era difícil, até abotoar uma sandália. E muita dor de cabeça, todos os dias. Percebi que tinha que mudar minha alimentação e fazer algum exercício”, relata.

Como explica a nutricionista Ana Carolina Garcia, as dores de cabeça constantes não são mera coincidência. “A enxaqueca pode ser ocasionada por jejuns prolongados, desidratação, consumo excessivo de alimentos ricos em açúcares e sódio, excesso de café e alimentos ricos em cafeína, farinhas brancas, embutidos e/ou alterações hormonais que devem ser investigadas. Além disso, o sedentarismo também pode causar essas dores”, afirma a especialista.

Apesar de não terem acompanhamento profissional, Janaina e Cristina são compromissadas com suas metas e mudaram drasticamente a alimentação. “Quando aprendi que emagrecer é queimar tudo aquilo que você come e ter uma alimentação saudável, comecei a ver mudanças na minha vida e nunca mais parei”, diz Janaina.

A esteticista, que já chegou a tomar 2 litros de refrigerante por dia, cortou açúcares da rotina. “Adapto dentro daquilo que tenho condições de comprar. Como pequenas quantidades e em menores intervalos. Geralmente, são duas colheres de sopa de arroz e duas de feijão, bastante salada e 300gr de carne magra, como patinho ou frango”. Porém, ela enfatiza que não passa receitas para ninguém. “Não saio falando o que a pessoa deve ou não fazer, incentivo a terem uma alimentação saudável. Mas, aviso: deu certo para mim, talvez não funcione para outra pessoa”.

O raciocínio é o mesmo que a nutricionista Ana Carolina indica. “Cada organismo funciona de um jeito, e possui necessidades diferentes. Não devemos ‘copiar’ a dieta que um colega fez e deu certo, ou sair eliminando vários alimentos, pois isso pode gerar um problema ainda maior futuramente. O ideal é ter uma alimentação mais natural possível, evitando industrializados, embutidos,
frituras, fast-food, e bebidas alcóolicas, que também contém muitas calorias e é tóxico ao nosso organismo. Saber quando, o que e as quantidades do que comer é essencial. É preciso analisar se você come apenas para encher ou se realmente está nutrindof seu corpo”.

A especialista também acrescenta que é preciso pensar em longo prazo. “Quando se pensa num processo de emagrecimento, muitas pessoas acabam cortando alguns grupos alimentares, principalmente o carboidrato, e isso não é interessante em longo prazo, visto que dietas extremamente restritivas não são sustentáveis por muito tempo”.

Assim como grande parte da população, Cristina tem uma vida corrida. Inicia sua rotina diária às 5h. Mas, isso não a impediu de se exercitar. “Fiz caminhadas por 2 anos. Agora, amo correr, principalmente na Lagoa Central, em Lagoa Santa, com meu esposo. A gente percorre 6,5 km lá, uma vez por semana. Treino muito em casa, com abdominal, agachamento e alguns exercícios que aprendi na internet, baixei alguns aplicativos e pesquiso receitas de sucos detox para não ficar enjoativo, porque é o que tomo praticamente todos os dias, antes de trabalhar”. Em um ano e meio, a diarista foi de 98kg para 77kg.

O educador físico Marlon Nascimento dá dicas sobre os primeiros passos dados para longe do sedentarismo. “Para aqueles que têm poucos recursos para investir, sugiro que inicie com uma caminhada e, à medida que se sentir mais confortável, ir intercalando trotes (corrida mais leve e lenta) durante o percurso. Começando sempre com maiores períodos de caminhada em relação ao tempo de trote.

Lembrando que, até mesmo uma caminhada, pode ser exaustiva para algumas pessoas dependendo do tempo e da intensidade que for realizada. Neste caso, a dica é nunca tentar ir além de seus limites, pois você pode ter uma experiência traumática”, alerta.
Em casos de sedentarismo mais severo, toda e qualquer mudança será bem-vinda ao corpo. “Pequenas atitudes, como ir à padaria a pé, deixar de usar elevadores para subir pequenos lances de escada, levantar um pouco quando perceber que está muito tempo sentado, às vezes, fazer um alongamento. No geral, movimentar-se mais para realizar tarefas do cotidiano”, aconselha Nascimento. E sobre o que não fazer de jeito nenhum? “Ficar parado!”, responde.