O ano é novo e as dificuldades partidárias também, tendo em vista o pleito eleitoral. É que, a partir de agora, os partidos não vão poder fazer alianças para lançar candidaturas a vereadores, cuja coligação será permitida apenas para quem disputar o cargo de prefeito. Agora a lei exige um percentual mínimo de 30% de mulheres para compor as chapas em qualquer que seja o município. Por exemplo, em BH, seriam necessários 18 nomes femininos para cada sigla.
Esse cenário vai exigir criatividade de todos os partidos políticos, inclusive os maiores. Em Minas, se o pleito fosse este mês, o MDB não teria possibilidade de conquistar vitória nas grandes cidades por conta dessa exigência legal. Em BH, os emedebistas, por enquanto, não visualizam um nome competitivo para enfrentar uma possível candidatura à reeleição de Alexandre Kalil (PSD). Registra-se situação idêntica também em relação ao PSDB. Atrás dessas duas siglas, tem uma fila espetacular que inclui até mesmo o Partido Novo. A sigla já definiu pelo nome do vereador Mateus Simões para disputar o cargo majoritário, mas terá muita dor de cabeça no que diz respeito às vagas do Legislativo.
Cidades maiores
Para a sobrevivência dos maiores partidos, o ideal é apostar em lideranças dos prefeitos das grandes cidades. O exemplo começa pela capital mineira, cujo Kalil pode alavancar o prestígio do grupo político em todo estado, incentivando candidaturas em municípios menores. Relativamente à Uberlândia, o caminho natural deverá ser a recandidatura do atual prefeito Odelmo Leão (PP). Quando ele exercia o mandato de deputado federal, chegou a ser o líder da bancada na Câmara Federal. Vale dizer que o PP aposta na influência de Odelmo para continuar sendo um partido expressivo em Minas Gerais.
Em Juiz de Fora, a disputa eleitoral deve ter muitas candidaturas, começado pelo Partido dos Trabalhadores que não vai abrir mão de indicar um representante para o pleito. No entanto, os nomes que mais se escutam são o do deputado Noraldino Júnior (PSC) e da deputada Delegada Sheila (PSL) para enfrentar o atual prefeito Antônio Almas (PSDB). Ele é uma aposta tucana no sentido de manter acessa a chama de um grande partido estadual. Mesmo porque, os tucanos podem ficar de fora de chapas em BH, Betim, Uberlândia, Ipatinga, Contagem e Montes Claros.
O advogado Mauro Bomfim, especialista em direito eleitoral, lembra que essa nova lei eleitoral ainda pode suscitar muitos debates. Segundo ele, ao longo de décadas, as campanhas eleitorais eram feitas mediante mega coligações. “A coligação apenas para o cargo de prefeito não traz muita vantagem, pois os partidos não acrescentam nada, a não ser a inserção da sigla na chapa dos postulantes às prefeituras”.
No âmbito da Assembleia Legislativa, a assessoria da Mesa Diretora da Casa está fazendo um levantamento para saber quantos deputados devem entrar na disputa eleitoral de outubro. O número ainda não é real, porém, ventila-se em uma média de 15 parlamentares interessados.