O câncer de próstata é o segundo mais frequente entre os homens (atrás apenas do tumor de pele não-melanoma) e, em valores absolutos e considerando ambos os sexos, mantem-se é o 2º tipo mais comum. Para se ter uma ideia, de acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), no ano passado, houve 68.220 novos casos. Nesta semana a série #AlertaAzul, dedicada à saúde masculina, vai abordar as possíveis consequências que o tratamento da doença pode causar na vida sexual dos homens.
O urologista Luis Occtavio explica que as sequelas não estão relacionadas ao câncer em si, mas na intervenção necessária para sanar o problema. “Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. Porém, a maioria cresce de maneira tão lenta que os primeiros sinais podem aparecer depois de mais de 10 anos. Por isso, para essas ocorrências, optamos por fazer uma vigilância ativa, no qual o homem realiza exames periódicos e faz tratamento de forma efetiva caso apresente alguma alteração”.
O pedreiro José Santos*, 55 anos, descobriu que tinha câncer de próstata há 2 anos. Ele conta que, apesar da insistência de sua mulher para procurar um médico devido a sua dificuldade para urinar, não ia ao especialista, pois sempre ouvia de seu pai que fazer isso era procurar doença. “Desde pequeno fui acostumado a não me cuidar e quando finalmente fui ao urologista, a coisa estava feia. O tumor já estava bem grande”.
A doença estava tão avançada que a única saída foi a prostatectomia radical, cirurgia de retirada da próstata. “Foi um susto grande e tive muito medo, mas, ao final, optei pela minha vida. Tive algumas sequelas após a cirurgia, como dificuldade de ereção e fiquei estéril”.
Tratamentos
Segundo o urologista, a primeira atitude para tentar controlar a doença é o bloqueio de hormônios, pois o câncer alimenta-se da testosterona. “Além disso, podemos tratá-lo com radioterapia e, em alguns episódios mais extremos, fazemos a cirurgia de retirada da próstata, como aconteceu com o Santos. No primeiro caso, o homem consegue manter o órgão e as capacidades de ereção e fertilidade, mas, pode ter algumas complicações, como sangramento no reto, bexiga, fechamento do canal da urina, entre outros, no futuro. Todavia, é importante reiterar que a radio está evoluindo e esses efeitos colaterais em longo prazo estão diminuindo”.
Já a cirurgia de retirada da próstata é a que mais causa sequelas em curto prazo. “Esse procedimento pode causar infertilidade e perda da ereção. Como os pacientes que apresentam esse problema têm, na grande maioria das vezes, mais de 60 anos, a questão da infertilidade não é um problema tão grande, entretanto, a questão da falta de ereção assusta a todos”.
O médico diz que, com a retirada da próstata, de 1% a 3% dos pacientes, que passam pela prostatectomia radical, ficam impotentes. “Mas, não é preciso preocupação, pois há tratamentos, que vão desde o uso de medicamentos contínuos, injetáveis, implante de uma prótese peniana (fornecida pelo SUS), e até mesmo a reabilitação peniana com exercícios específicos”.
Santos revela que teve que tomar remédio para voltar a ter relações sexuais. “Hoje, voltou tudo normal com a minha esposa. Ela foi uma santa comigo e sempre me ajudou. Quando a gente tem algo desse tipo, a nossa vida passa como um filme pela cabeça e posso dizer que sou um homem melhor para os meus filhos e para minha mulher”, finaliza.
*José Santos é um nome fictício. O personagem pediu para que a sua identidade não fosse revelada.