No dia 27 de agosto de 2019, um jovem de apenas 24 anos resolveu colocar fim a sua vida. De um histórico de poucos amigos e um quadro depressivo, ele não aguentou mais. Essa história não é exceção; pelo contrário, está cada vez mais comum escutarmos casos assim, independente da escolaridade, renda, profissão, sexo ou qualquer outro fator. De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no planeta.
Isso representa, por ano, quase 800 mil mortes, sendo a segunda maior causa de falecimento entre pessoas de 15 a 29 anos. O assunto é tão grave que o órgão internacional considera a prática um problema de saúde pública e recomenda que países identifiquem os principais métodos que algumas pessoas usam para por fim a própria vida. Após esse rastreamento, seria possível restringir o acesso a esses meios.
A psicóloga e psicanalista Marena Petra afirma que a nossa sociedade está adoecida, principalmente, com doenças relacionadas à mente, como depressão e ansiedade. “É possível se prevenir o suicídio, desde que procure uma saída, seja por meio de um acompanhamento médico, psicológico ou até fazendo parcerias com pessoas ou atividades prazerosas”.
Marena reitera que não há padrão de indícios de um possível suicida, afinal as pessoas lidam com as situações da vida de maneiras distintas. Todavia, ela recomenda observar casos nos quais há uma tristeza profunda e falta de satisfação com atividades ou coisas que antes eram agradáveis, além de ausência de esperança de um futuro melhor. “O suicídio aparece como a única saída para aquele sofrimento. Por isso, recomendamos ficar perto das pessoas que apresentam sinais e não deixá-las sozinhas. Nesses momentos, elas precisam de alguém, seja um amigo, familiar ou até um profissional, para conversar e dividir a angústia”.
Como ajudar
Se você está diante de uma pessoa que apresenta sinais de que pode cometer um suicídio, há uma série de ações que podem ajudá-la a não cometer esse ato. Veja as recomendações do Ministério da Saúde:
- Encontre um momento apropriado e um lugar calmo para falar sobre suicídio com essa pessoa. Deixe-a saber que você está lá para ouvir, ouça-a com a mente aberta e ofereça seu apoio;
- Incentive a pessoa a procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde, de saúde mental, de emergência ou apoio em algum serviço público. Ofereça-se para acompanhá-la a um atendimento;
- Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato, não a deixe sozinha. Procure ajuda de profissionais de serviços de saúde, de emergência e entre em contato com alguém de confiança, indicado pela própria pessoa;
- Se a pessoa com quem você está preocupado (a) vive com você, assegure-se de que ele (a) não tenha acesso a meios para provocar a própria morte (por exemplo, pesticidas, armas de fogo ou medicamentos) em casa;
- Fique em contato para acompanhar como a pessoa está passando e o que está fazendo;
Você não está sozinho
No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma associação civil sem fins lucrativos que trabalha com prevenção ao suicídio. Desde 1º de julho do ano passado, as ligações podem ser feitas pelo número 188, são gratuitas para todo o país e podem ser realizadas a qualquer horário, seja de telefone fixo ou celular. Além desse canal, há também o site para chat, Skype e e-mail.
A assistência, oferecida por voluntários, visa dar apoio emocional para quem precisa conversar. Apesar de não terem formação em psicologia (não é uma exigência), eles recebem treinamento adequado. Além disso, discrição também faz parte do serviço e, portanto, todas as ligações são sigilosas.