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Representante do fisiculturismo masculino no Pan diz que rebate preconceito com títulos

“Já estamos na Vila Olímpica”, lia-se na legenda da foto de Juscelino Santos, 46 anos, enviada ao Edição do Brasil. Sorridente e empolgado no registro, o representante do fisiculturismo masculino do Brasil nos Jogos Pan-Americanos de 2019 concedeu uma entrevista à reportagem durante seu voo para Lima, capital peruana que recebe a 18ª edição do evento. A felicidade não é para menos. Em 68 anos da competição, que envolve atletas de 42 países, esse é o ano de estréia do fisiculturismo.

A modalidade tem como principal objetivo medir o resultado do treinamento de musculação dos atletas. “É analisado a simetria corporal e, principalmente, volume, definição e harmonia do corpo. São os mínimos detalhes que fazem um campeão”, explica Santos, que treina desde os 17 anos. Para chegar ao físico desejado é preciso muita dedicação. “A rotina de cuidados consiste em uma dieta balanceada, treinos periódicos, muita abdicação e regularidade de sono”, completa.

Neste ano, serão disputadas duas categorias de peso: fisiculturismo clássico no masculino e fitness no feminino. Assim como Santos, Carla Lobo, 48, representante feminina, também embarca em busca do sonho da medalha. Como muitos esportistas no Brasil, os dois atletas conciliam a rotina de treinos com outras profissões. Carla é personal trainer e Juscelino divide seu tempo entre o esporte e o comércio que é dono em São Paulo.

Na categoria masculina considera-se, em geral, o tamanho dos músculos. No feminino, a categoria será a “biquíni fitness”, em que musculatura, força e flexibilidade são julgados, além da apresentação. Carisma e fluidez nos movimentos fazem parte da apresentação coreografada e também são analisados. “Temos pouco tempo para desempenhar nosso papel no palco e isso requer muita destreza e concentração para mostrar o que temos de melhor em nosso físico enquanto somos julgados pela arbitragem. Temos que subir e mostrar que estamos ali para ganhar e que somos o campeão que eles querem ver! Isso tendo o físico o mais competitivo possível”, diz Santos.

O Pan será o teste para o grande objetivo da modalidade: entrar para o programa olímpico nas próximas edições. Para isso, foi preciso adequar a categoria a algumas exigências. Entre elas, está a de se alinhar às normas da Wada (Agência Mundial Antidoping), que proíbe o uso de anabolizantes, um dos estigmas associados ao esporte.

“A gente sofre preconceito, mas nunca levei em conta nada disso, faço meu trabalho e amo. As pessoas não podem julgar minha vida esportiva e nem pessoal, ninguém tem esse direito, só no palco e Deus. Sou bem tranquilo com isso, rebato [o preconceito] fazendo meu papel e ganhando títulos pelo mundo todo, buscando sempre minha felicidade e humildade”, afirma o fisiculturista que tem como inspiração Arnold Schwarzenegger, ator, ex-governador da Califórnia e nome consolidado no meio dos músculos definidos.

O esporte teve a sua estreia no penúltimo dia de competições, em 10 de agosto. Ao todo foram 32 atletas, divididos igualmente entre pessoas do gênero masculino e feminino, representando 19 países.