Diz um velho ditado que “A Justiça tarda, mas não falha”. Em contraponto, é bom lembrar outro pensamento, ainda bem mais conhecido e popular, que assegura que “Toda regra tem exceção”. A nós, grande maioria dos pobres mortais não inclusos nas listas de “Vossas Excelências”, resta mais um ditado: “Ver para crer”.
Nas últimas semanas, além das tragédias morais envolvendo classes, digamos, privilegiadas, não só em Brasília – às quais já estamos acostumados – como em outros rincões de Norte a Sul, também tragédias naturais (de natureza!), assolaram o nosso país, como as chuvas torrenciais no Rio de Janeiro. No caso, porém, também ou principalmente, há culpados humanos, geralmente eleitos ou escolhidos dirigentes e altos funcionários de órgãos públicos, que parecem desconhecer que é preciso agir para prevenir e/ou minorar eventuais danos de intempéries. Quem sabe, talvez apenas aplicando (e nunca desviando) corretamente as verbas obtidas pelos impostos cobrados da população, muitos problemas fossem evitados.
Infelizmente, também temos muito mais a lamentar, como os dolorosos desastres que ceifaram vidas em Brumadinho e no CT do Flamengo, locais onde faltaram competência, seriedade e um mínimo de juízo para os irresponsáveis que têm que ser punidos pelas suas omissões assassinas.
Cabe à Justiça apurar os fatos e punir exemplarmente os algozes de crianças, homens e mulheres, de animais de toda espécie, do meio ambiente e da natureza como um todo e até da nossa história – o Museu Nacional é lamentável exemplo. Que a Justiça haja com exatamente a competência, seriedade e juízo que tanta falta fizeram aos que pelas suas ações (ou falta delas) ocasionaram as matanças, não só as recentes, mas as inúmeras anteriores como a de Mariana. É imprescindível que a Justiça atue com celeridade. Sim, é preciso agir com rapidez e não apenas deixar que inescrupulosos consigam empurrar com a barriga os processos, sem que nenhuma ação penal seja determinada e cumprida, sem que as famílias que sofreram com a perda de entes queridos e de bens materiais tenham ao menos o consolo de saber que a Justiça não está cega, mas de olhos abertos para agir com razão e firmeza.
E como envelhecer não é para os fracos, eu, que já passei dos meus 40 e muitos anos, me lembro de “Limelight” ou, se preferirem, “Luzes da Ribalta”, quando Calvero (Charles Chaplin) diz para Terry (Claire Bloom): “Nos meus últimos anos preciso da verdade. Verdade! É só o que resta. Verdade. É tudo o que eu quero. E um pouco de dignidade…”.
Realmente é da verdade que todos nós necessitamos. Chega de mentiras e subterfúgios. Que se puna, sem dó nem piedade, àqueles que por ação ou omissão forem responsáveis. E, se inocentes houver entre os levados à julgamento, que seja comprovado que a eles não cabe qualquer tipo de culpa. Com verdade e dignidade será possível acreditar que a esperança de dias melhores deixará de ser um sonho para se tornar real.
*O jornalista Sergio Prates é o novo articulista do jornal Edição do Brasil.
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