Apesar de ter uma lei que assegura uma porcentagem de vagas para as pessoas com deficiência (PcD), o mercado de trabalho continua restritivo. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 24% dos brasileiros (45 milhões) possuem algum tipo de deficiência. E os números da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego em 2016, apontam que apenas 418.521 estão empregados, ou seja, menos de 1% do total.
Para a consultora de carreira Daniela Montandon, a maior dificuldade para concretizar a inserção dessas pessoas está na conscientização das empresas sobre a importância de se adequar às necessidades das PcDs. “Na maioria das empresas não existe infraestrutura apropriada. Falta elevador acessível, mesas de trabalho que sejam confortáveis ou até mesmo banheiro adaptado”.
Além disso, Daniela também aponta que falta qualificação. “Tanto quem não tem deficiência quanto quem tem precisa continuar estudando e se preparado, cada vez mais, para ocupar um cargo. Nessas situações, todos os lados ganham: a pessoa que se qualificou e terá mais chances de ocupar uma outra vaga, caso saia daquela empresa; e o empregador que terá um funcionário que desempenhará suas funções com maestria”.
Primeiro emprego
Bruna Buzette, 24, estudante do 4º período de jornalismo, está no seu primeiro emprego. Cadeirante desde o nascimento devido à malformação na coluna, chamada mielomeningocele e hidrocefalia, ela é estagiária no programa de rádio digital Sintoniza, da agência NPixels, e conta que teve dificuldades para encontrar um local que fosse adaptado à suas necessidades.
“Sou designer formada e não conseguia emprego, pois as empresas não tinham a infraestrutura adequada. Eu tenho que lidar, frequentemente, com a falta de elevadores, rampas de acesso aos locais, banheiros adaptados, portas com uma largura necessária de acordo com a legislação, etc. Noto que, quando me identifico, os recrutadores não conseguem me explicar o porquê não posso entrar em determinada empresa e, além disso, há falta de informação para que os locais sejam adaptados de acordo com as normas de acessibilidade”.
Bruna acredita que ainda faltam vagas reservadas para as PcDs em todos os níveis e cargos. “Acredito que isso é reflexo de uma série de fatores, incluindo a falta de incentivo por parte das empresas para que essas pessoas tenham um plano de carreira maior”, finaliza.