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77% dos consumidores ainda não sentem a recuperação da economia

Mesmo com os números apontando uma gradativa melhora na economia, o consumidor ainda segue na dúvida quanto à recuperação do país. Prova disso é que uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) apontou que 77% dos brasileiros não sentiram o fim da recessão. Como reflexo do cenário ainda incerto, 83% das pessoas tiveram que fazer cortes no orçamento.

Dos entrevistados, 61% cortaram as refeições fora de casa para economizar. Outras restrições foram na compra de roupas, calçados e acessórios (57%); itens que não são de primeira necessidade em supermercado, como carnes nobres, iogurte e bebidas (55%); além dos gastos de lazer como cinema e teatro (53%).

Mas a ideia de poupar não foi seguida por alguns: o estudo mostrou que 64% dos consumidores recorreram a alguma forma de trabalho extra ou bicos para complementar a renda no primeiro semestre do ano. Nas classes C, D e E o número salta para 70%. Para o educador financeiro do SPC Brasil José Vignoli, esse comportamento mostra que o brasileiro anda gastando mais do que deve. “As pessoas se acostumaram com um padrão de consumo que não é real diante da renda oriunda do trabalho”, explica.

Ele acrescenta que há uma proximidade perigosa do brasileiro com o crédito. “Isso auxilia no costume a um padrão de vida que ele não pode manter. Assim, o índice de endividamento das famílias só cresce. Por isso as pessoas tem a ideia de que sua renda é baixa, até concordo que, de um modo geral, pode ser. Porém, se os consumidores não fizerem sacrifícios, não conseguirão fechar as contas no final do mês”.

O educador financeiro elucida que o fim da recessão econômica é notado macroeconomicamente e ainda vai demorar um pouco para que o consumidor sinta isso diretamente no bolso. “Por tudo isso, é necessário planejamento. As pessoas precisam listar suas despesas para ter perfeita noção do que está gastando e se é possível fazer algum remanejamento ou corte para adequar seu estilo de vida ao que recebe”.

Vignoli esclarece que para muitos isso é dar um passo para trás, mas, para ficar com as contas em dia é fundamental. “É melhor que cair no cheque especial, abusar do crédito ou, até mesmo, se envolver em dívidas. Coisas que temos visto com assiduidade no dia a dia do brasileiro”.

Na opinião do especialista, uma atividade extra pode ser feita a fim de formar uma reserva financeira e não para tapar buracos. “O planejamento entra neste sentido, desde o aplicativo de controle até o caderninho da vovó. Uma reflexão sobre o nível de consumo é o essencial”.

Foi com base nesse controle financeiro que a balconista Jennifer Souza decidiu iniciar uma atividade extra. “Comecei a observar que não sobrava dinheiro no fim do mês. Me casei recentemente e ainda estou pagando alguns móveis. Tudo foi bem arquitetado e estamos conseguindo quitar tudo, mas percebi que podia começar algo para ter uma graninha a mais”.

Jennifer começou a trabalhar como manicure nos fins de semana. “Sempre gostei dessa área, não foi algo que precisou de um investimento, pois eu uso os instrumentos da própria cliente por questão de higiene. Comecei a atender minhas amigas e elas foram me ajudando a divulgar, hoje atendo de 6 a 8 pessoas por fim de semana”.

Vendo o resultado, ela não pretende parar tão cedo. “Estou guardando tudo no banco, quem sabe mais pra frente compro uma viagem ou algo assim. Vou juntando, por enquanto, porque a situação ainda está difícil para todo mundo. Hoje tem emprego, amanhã podemos não ter. Prefiro ser cautelosa”.